sexta-feira, 8 de maio de 2020

Riverlands [Capítulo 1 - Reescrita]

Era de manhã cedo quando Nadia acordou. A chuva tinha passado, deixando um cheirinho de terra molhada para trás. Ela conseguia ouvir o leve ronco dos filhotes - o que a fez sorrir levemente - e o ronco de Nidijo, que se destacava. A rainha então se espreguiçou e se levantou, lambeu a bochecha do filho e rumou para fora da caverna, sentindo a brisa fria da manhã em seu pelo.

Nadia chacoalha o corpo e boceja, então desce o amontoado de pedras que levam a caverna e caminha até o lago.

Ela olha para o céu, que ainda ganhava um tom alaranjado, e sorri levemente. Suas orelhas se erguem e ela vira a cabeça, olhando na direção da caverna.

Já podia ver Nidijo saindo da caverna e chacoalhando a juba. Woola e Kamii estavam logo atrás dele, junto de alguns outros membros do orgulho.

Kamii, ao ver a avó no lago, desce o amontoado de pedras e corre até ela. Woola ficou para trás por um curto período de tempo; Nidijo deve tê-la avisado o motivo da correria da irmã. Woola foi a próxima a descer o amontoado de pedras e caminhar na direção da irmã e da avó.

- Bom dia, vovó. - diz Kamii, parando de correr. - Dormiu bem?

Nadia ri levemente.

- Dormi sim, meu amor. - responde a mais velha. - E quanto a você?

- Sim, sim. - responde a pequena. - Acordei algumas vezes com os roncos do papai, mas dormi bem.

- Seu pai sempre teve um sono pesado. - comenta Nadia. - E os roncos, então, nem se fala.

- Bom dia, vovó. - diz Woola, se aproximando enquanto bocejava. - Dormiu bem?

- Dormi sim, Woola. - respondeu. - E creio que sua noite de sono tenha sido perturbada pelos roncos de seu pai, não é?

A filhote mais nova confirma com a cabeça.

- Não sei como você conseguiu dormir, Kamii. - murmurou Woola, fechando levemente os olhos. - Os roncos dele parecem com um gnu sendo atacado por leoas.

Nadia e Kamii dão risada.

- Não posso discordar. - responde Kamii. 

- Vou começar a usar folhas para tampar os ouvidos. - resmunga Woola. - Aquele ronco é horrível...

- Bem, se quiserem, podem ir dormir mais um pouco. - diz Nadia, lambendo a bochecha das netas. - Só vão ficar na caverna os filhotes mais jovens com suas mães e madrinhas. Podem cochilar um pouco. Eu as chamo quando o café da manhã for trazido.

- É seu dia de liderar a caça, não é, vovó? - indaga Kamii.

- Sim. E com sorte, conseguiremos abater uma zebra ou gazela. - respondeu a mais velha, observando as netas bocejarem. - É melhor vocês irem descansar, meus amores.

As duas confirmam com a cabeça e voltam para a caverna. Nadia sorri brevemente e balança a cabeça. 

[...]

Woola foi a primeira a acordar. Ela bocejou e se espreguiçou, então farejou o ar e cutucou a irmã com o focinho.

- Acorde, dorminhoca. - resmunga Woola. - Vovó vai chegar a qualquer momento com o café da manhã.

- Café da manhã? - indaga Kamii, abrindo os olhos e se sentando, soltando um bocejo em seguida. - Já está na hora?

Woola dá risada.

- Você só pensa em comer, Kamii. - diz Woola, ainda rindo. - Vamos. Vovó já está para chegar.

As duas saem da caverna e caminham um pouco, até passarem por alguns filhotes que brincavam entre si.

- Ora, as belas adormecidas acordaram. - diz uma filhote de pelo bege claro e olhos azuis, dando uma breve risada.

- Bom dia pra você também, Ayana. - diz Woola.

- Bom dia. - diz Ayana. - E bom dia pra você também, Kamii.

- Igualmente, Aya. - responde Kamii, sorrindo.

- Perdemos o café da manhã? - indaga Woola.

- Por sorte, não. - responde outro filhote, se aproximando.

- Ah, bom dia, Banga. - diz Woola, virando o rosto na direção do filhote e sorrindo. - Seus passos ficaram mais silenciosos. Estava tentando nos assustar?

Banga ri.

- Bom dia, princesas e Aya. E não exatamente. - diz ele. - Sei que não posso te assustar, sua audição é boa. A da sua irmã, por outro lado...

- Ei, minha audição é boa sim! - exclama Kamii, fazendo beicinho e virando o rosto corado.

- É tão boa que você consegue dormir com os roncos do nosso pai... - murmura Woola.

- Woola! - Kamii grita levemente. - Hoje é o feriado de envergonhar a Kamii, por acaso? Que complô!

Os três filhotes riem.

- Sua pata melhorou, Banga? - indaga Woola, se aproximando do filhote. Banga tinha se machucado enquanto tentava ajudar Kamii a descer de uma árvore alguns dias atrás. Ela acabou perdendo o equilíbrio e caindo, mas Banga ficou embaixo dela para que não se machucasse. Kamii acabou o arranhando sem querer na queda e a pata dianteira esquerda do filhote acabou quebrando por causa do peso da princesinha.

- Melhorou sim. - diz Banga, olhando para a pata enfaixada com plantas e abrindo um leve sorriso. - Waganga fez um bom trabalho. Núria e Belladonna também ajudaram. Disseram que vou conseguir correr em algumas semanas.

- Sinto muito por ter sido a causa do problema, Banga. - diz Kamii, virando o rosto na direção do chão e abaixando as orelhas. - Não devia ter tentado caçar aquele passarinho.

- Não se preocupe, princesa. - diz Banga, colocando a pata direita no ombro da princesa. - Você não se machucou, é isso que importa.

- Mas você se machucou. - diz Kamii, o encarando. - E pior, foi por minha culpa.

- Ei, ei. Foi minha escolha me atirar em baixo de você. - respondeu ele, sorrindo. - E, se serve de consolo, eu daria minha vida por você e pela Woola.


- Own, que amorzinho. - diz Ayana, se aproximando de Banga e esfregando o rosto na bochecha dele, o fazendo estremecer e fazer uma careta. - Se continuar assim, vou acabar vomitando arco-íris.

- Você vomitando já é uma visão horrível, Ayana. - resmunga uma filhote de pelo dourado e olhos azuis acinzentados. - Te ver vomitando arco-íris vai ser pior ainda.

- Olá, senhorita estraga prazeres... - resmunga Ayana. - Quero dizer, olá Binah.

- Olá, senhorita desagradável, quero dizer, Ayana. - as duas filhotes dão risada. - E olá, princesas e Banga.

As princesas sorriem e Banga acena levemente com a cabeça.

- Onde está o resto do pessoal? - indaga Woola. - Estão tentando pregar uma peça em mim de novo?

Binah ri levemente.

- Não dessa vez. - respondeu a dourada. - Estávamos assistindo a caçada de longe. Mamãe e a rainha estão liderando hoje. Os meninos apostaram que minha mãe é quem vai dar o golpe final. Eu discordo. - Binah se senta e olha para as garras. - A rainha é melhor calculando os ataques finais.

- Quem apostou em quem? - questiona Kamii, se interessando na conversa.

- Bem, Akin, Deka, Kigeni e eu apostamos na rainha. - Binah olha para o céu e suspira levemente. - Faith, Hope, Ashanti e Shia apostaram na mamãe. - a dourada volta a encarar as princesas. - E Shiro, Kuro e Atsu ficaram neutros.

- Apostaram o que? - indagou Banga. - Camundongos outra vez?

- Melhor ainda. - responde Binah, virando para o filhote marrom. - Apostamos que, se a rainha finalizasse a presa, quem apostou na mamãe teria que comer insetos.

- Não é tão ruim. - diz Woola. - Insetos tem proteínas...

- Verdade, mas eles não sabem disso. - diz Binah, soltando uma risadinha. - Além disso, tem uma pegadinha.

- Que seria? - indaga Kamii, inclinando a cabeça e sorrindo travessa.

- Se eles perderem, vão comer insetos enlameados. - riu a dourada.

- Binah, você é cruel. - riu Woola.

- Mas a ideia é boa. - completou Ayana.

- É claro que é boa. - resmungou Binah. - Foi eu que inventei.

- Vocês, garotas, tem ideias tão estranhas... - murmurou Banga. - Mas não negarei, é uma ideia boa.

Os filhotes dão risada, mas param ao notar Woola farejando o ar.

- Woola, o que foi? - indaga Kamii. - É o grupo de caça?

A pequena nega com a cabeça e sobe em uma rocha, olhando para os lados enquanto ainda fareja. Kamii, vendo os pelos do corpo da irmã se eriçarem, sobe na rocha logo atrás dela, sendo acompanhada por Banga, Binah e Ayana. Os quatro avistam um grupo composto de quatro leoas e dois leões. Duas das leoas tinham pelo preto uma delas usava algo em volta do pescoço, a terceira leoa tinha o pelo na cor creme e a última tinha o pelo alaranjado. O maior leão do grupo era marrom escuro. Sua juba era preta, mas não estava completa e o outro era um tom mais claro de marrom com a juba marrom escuro.

- Devemos chamar o papai? - indaga Kamii. - É ele que costuma lidar com esse tipo de coisa.

- Chamar o rei pra que? - indaga uma voz feminina atrás deles, os fazendo se virar rapidamente.

- Quase nos matou de susto, Kigeni! - exclama Ayana, botando a pata no coração.

- Peço desculpas. - retruca Kigeni. - Agora respondam minha pergunta. Pra que chamar o rei?

- Tem forasteiros no reino. - diz Banga. - E não acho que eles estejam aqui para voluntariamente participar do Orgulho.

Kigeni arqueia a sobrancelha e sobe na rocha para observar.

- Pelos Reis! - exclamou ela. - São caçadores de recompensa!

- Caçadores de recompensa? - indaga Woola, a pequena estava mais perdida que uma gota de chuva no oceano.

- Vocês não sabe quem são eles? - indagou Kigeni.

- Quem são quem? - indaga outra voz, desta vez, masculina. Os filhotes olham para trás só para ver os outros nove filhotes restantes se aproximar.

- Os caçadores de recompensa estão aqui. - responde Kigeni, encarando Akin, o filhote que perguntara. 

Os filhotes a encaram confusos e ela bufa.

- São um grupo de leões que não participam de Orgulhos. - explicou Kigeni, se sentando. -  Eles capturam ou matam criminosos e ajudam os reinos por comida e abrigo por alguns dias, depois somem e só voltam quando as "missões" em determinado reino terminam. - completou, olhando para os outros filhotes. - Eles tem ganho muita fama ultimamente, não sei como vocês não ouviram falar.

- Como você sabe disso tudo? - indaga Shia.

- Mamãe contou pra mim. - Kigeni respondeu, abrindo um sorriso levemente perverso.

(deem play no vídeo, se der algum problema na reprodução, me informem, por favor)


- Cuidado ao sair pra brincar. - começa, descendo da rocha e se aproximando lentamente de Deka, que recuava a cada passo que Kigeni dava. - Os caçadores podem te achar. - Deka fica presa contra um tronco caído e se encolhe um pouco. - Vão te levar, te torturar. Seu corpo ninguém vai achar.

A filhote se afasta da outra e sobe no tronco.

- Vão machucar, te enlouquecer. Vão te fazer querer morrer. - fez uma pose dramática e desceu do tronco. - Vão te deixar, te esquecer. Seu corpo começará a feder. - Se escondeu entre alguns arbustos densos e começou a se movimentar rapidamente entre eles, deixando os outros filhotes tensos. - Vermes vão entrar e vão sair! - apareceu na frente de Shia, o assustando, e logo se enfiou nos arbustos de novo. - E seu focinho vão entupir! - dessa vez, assustou Faith e Hope, que gritaram e se abraçaram. Kigeni finalmente para de se esconder. - Seus olhos vão comer também, sua carne os alimenta bem.

Ela rodeia Kuro e Shiro e começa a andar lentamente até os dois.

- Um besouro vem devorar, seu estômago não vai durar. - ela se afasta dos dois e se aproxima de Ayana. - Viscoso e verde. A brilhar, o pus começa a vazar! - Ayana faz uma careta de nojo e Kigeni se afasta dela. Seus próximos alvos eram Kamii e Banga. - As moscas vão se aproximar, seu cadáver não vai durar!

Se afastou dos dois e se pôs no meio dos filhotes, que formavam um círculo ao redor dela.

- Vermes vão sair e vão entrar. - os filhotes cantam juntos. - Os que vão entrar, são finos sim!

- Os a sair, vão em frenesi. - diz Kingeni. - Seus pelos começam a cair. O cérebro está a murchar, e o fígado está a aguar. Pros vivos, tudo está bem, enquanto você vai pro Além.

Kigeni se afasta do círculo e sobe em uma pedra.

- E os Reis virão pra te levar. Com eles, você vai ficar! - exclamou a filhote. - Sua pele está a putrificar, os carniceiros vem aproveitar. Sofrimento que não vai acabar.

Kigeni bateu a pata na pedra e abriu um sorriso.

- Vermes vão entrar e vão sair, te devorar e defecar. - disse, descendo da pedra e rodeando os amigos. - Depois de tudo apodrecer, o cheiro vai enfraquecer. - subiu na rocha que Woola ainda estava sentada e baixou o tom de voz. - Cuidado ao sair pra brincar, os caçadores podem te achar. Quando pensar que está pra acabar, pergunte-se "irão me achar?"

Os filhotes ficam quietos por alguns segundos.

- Foi de arrepiar. - diz Woola, quebrando o silêncio. Seus pelos já voltavam ao normal, mas a pequena ainda sentia o cheiro dos forasteiros.

[...]

Nadia já voltava da caçada junto das outras leoas. Podia sentir a mudança no tempo, junto de um cheiro diferente. Elas conseguiram abater duas zebras e Nadia ajudava a carregar uma delas, mas largou quando se deu conta que o cheiro estranho e se aproximava da área onde ela e as outras seis leoas estavam.

A rainha ergueu as orelhas e olhou em volta, estava atenta e seus pelos das costas se arrepiavam. 

- Forasteiros, fiquem atentas. - diz a mais velha. As leoas formam um círculo em volta da presa e olham em volta atentamente. 

Venimos en paz. - ouvem uma voz feminina. - Não queremos causar ningún daño. 

As leoas se viram e avistam um pequeno grupo de leões, que se aproximava.

- Quem são vocês? - indaga Muuguzi, com voz firme. - E que negócios tem em Riverlands?

- Somos nômades. - diz uma das leoas de pelo preto e cicatrizes que iam do lado superior esquerdo até metade do lado direito de seu rosto. - Gostaríamos de um lugar para ficar.

- Nossa camarada está para dar a luz. - diz a outra leoa de pelos negros, enquanto gesticulava para a leoa de pelo alaranjado, que baixou a cabeça timidamente. - Ela não aguenta hacer largos viajes.

Nadia e suas companheiras de caçada se encaram por alguns segundos, como se conversassem mentalmente. Desconfiavam das intenções do grupo.

- Não traremos problemas, I assure you. - murmura a leoa alaranjada. - Serão só dois dias, no máximo. 

- Não trarão problemas uma ova! São os caçadores de recompensa! - exclama Mgeni, se pondo na frente de Nadia e das outras, que encaram confusas.

Nuestra fama nos precede. - diz a leoa com marca de lua na cabeça, com tom sarcástico.

- Não são um pouco jovens para estarem nesse ramo? - indaga Nadia.

- Luna é a mais nova, ledi. - o leão de pelo marrom escuro e juba preta finalmente se pronuncia, dando um passo a frente. Apesar de sua juba não estar completa, o leão parecia forte, capaz de esmagar uma pedra com a pata. Sua voz era rouca e grave.  - Somos apenas os seguidores. 

No soy el lider de nadie. - resmunga a leoa com a marca.  

- Ndoto. - diz a outra leoa de pelagem preta. - Meu nome é Ndoto. Esses são Kijamii, - gesticulou para o leão que tinha se pronunciado antes. - Uharamia, - virou a cabeça na direção da leoa dourada, - Shomara, - a marrom claro sorri levemente. - Usingizi, - o outro leão, que estava mais distante, acena com a cabeça. - E Luna. - a mais nova acena com a pata.

Nadia afasta Mgeni e sorri para o grupo. 

- Meu nome é Nadia. - diz ela, gesticulando para as companheiras formarem uma fila ao lado da rainha. - Essas são Mgeni, Tabia, Ashelia, Lúthiel, Makena e Muuguzi. Acabamos de pegar o café da manhã, querem se juntar a nós?

- Tem certeza que é uma boa ideia, Majestade? - Mgeni sussurra para a rainha, que apenas concorda com a cabeça.

Os forasteiros se encaram e confirmam.

- Vamos indo, então. - tornou a pegar a carcaça, com a ajuda de Lúthiel. Ashelia e Makena pegaram a outra carcaça e o grupo seguiu na direção do reino.

[...]

Era meio dia. Nadia já tinha anunciado sobre os visitantes e os filhotes já tinham almoçado. A rainha tinha permitido que Uharamia tivesse uma consulta com Waganga e a dourada já estava voltando para seu grupo de amigos, que se encontravam afastados dos demais leões do reino.

Os filhotes brincavam perto do grupo de Luna. Embora estivessem curiosos, se recusavam a se aproximar dos desconhecidos, principalmente depois da música que Kigeni cantara. Woola era a única que parecia disposta a se aproximar e foi o que ela fez.

Usando o olfato, a princesa se aproximou da rocha em que Luna estava cochilando e sentou-se.

- C-com licença, senhorita. - começou. - Se não se incomodar que eu pergunte, de onde você é?

A leoa negra ergueu a cabeça e abriu os olhos ao ouvir a pequena.

- Perdão, estas hablando a mi? - indagou. 

- Ahn... Sim. - murmurou Woola, estava tímida. - Eu te acordei, desculpe. 

- Está tudo bem. - respondeu calmamente.

- Eu...eu disse que, se não for incômodo, poderia dizer de onde você é? - Woola inclina a cabeça e Luna faz o mesmo. - S-seu cheiro é diferente do cheiro daqui.

- Sou originalmente da África. - responde Luna. - Mas fui criada na Espanha. Na verdade, todos nós venimos de algum lugar do mundo, por isso nosso cheiro é diferente.

- Ah, sim. - murmura Woola. - Bem, meus amigos estão com um pouco de medo de se aproximar. - Luna ri levemente. 

- Eles não tem motivos para tener miedo. - responde a mais velha. - Somos grandes, pero no lastimamos a los niños. - explicou calmamente. - Exceto, talvez, Usingizi. Ele tende a ser um pouco...pendejo. 

- Desculpe, o que? - Woola arqueou a sobrancelha, fazendo uma expressão confusa.

- Ela quis dizer, saghir, que embora sejamos grandes, não machucamos crianças. - intrometeu-se Shomara. - Machucamos quem machuca outros reinos.

- Ou quem incomoda Reinos pacíficos. - diz Luna, lançando um olhar de reprovação para Shomara, que abre um sorriso apologético.

- Ah, sim. - murmura Woola. - Ah, devo ter deixado meus modos em casa. Meu nome é...

- Woola, o que está fazendo?! - indaga Kamii, se aproximando da irmã e das leoas. - Peço desculpas pela minha irmã, ela tende a ser meio intrometida. Princesas Kamii e Woola a seu dispor. - Kamii termina a frase com uma breve reverência.

- No hay problema. - diz Luna, sorrindo de canto. - Soy Luna. Esta é Shomara.

- Tahiyati, princesas. - diz Shomara, curvando a cabeça. - Quer dizer 'saudações'.

- Perdoe a pergunta, mas que língua é essa? - pergunta Kamii, sentando-se ao lado da irmã e encarando Shomara.

- Árabe, alteza. - respondeu com calma. - Aprendi a falar quando tinha sua idade. Nosso grupo vem de várias partes do mundo. 

- Puxa, vocês devem ter tantas histórias! - exclama Kamii, sorrindo de orelha a orelha. - Podem contar como se conheceram?

- E de onde cada um veio e os costumes de lá. - completa Woola. - Isso é, se não for incomodar.

- Seria uma honra. - diz Shomara, fazendo Luna revirar os olhos e se levantar, saindo em seguida, sem sequer hesitar. 

- Divirtam-se... - resmungou ela, enquanto seguiam em direção ao rio que cercava o reino.

- Foi alguma coisa que dissemos? - pergunta Woola, sentando-se culpada.

- Ah, não, não. - diz Shomara, levantando-se e ficando na frente das duas, sorrindo levemente. - Luna é assim mesmo, ela não cria laços. E principalmente não gosta de falar sobre o passado. 

- Ah, sim. - resmunga Kamii. 

- Bem... Vocês querem saber sobre nosso grupo, não querem? Por que não juntam seus amiguinhos e eu conto como nos conhecemos? - sugere a mais velha.

- Não vai ser problema? - questiona Kamii. - Não queremos que você se encrenque por nossa causa.

- Ah, acreditem, eu já me encrenquei por coisas piores. - Shomara ri. - Agora, vão. Juntem seus amigos e me encontrem aqui antes do pôr do sol. 

- Pôr do sol? - indaga Woola, inclinando a cabeça. - Não podemos vir amanhã? Vovó prometeu nós contar uma história hoje. E vocês vão ficar aqui por um tempo até sua amiga ter o filhote, não vão?

Shomara pensa por alguns segundos. Tinha que ajudar Ndoto a encontrar rastros que levassem ao leão que procuravam, mas isso seria de madrugada. Depois disso, estaria livre para fazer o que quisesse.

- Claro. Estarei livre depois do amanhecer, caso não tenham nada para fazer. - diz ela, sorrindo.

- Obrigada, tia Shomara! - exclamam as filhotes, correndo em direção a caverna enquanto a leoa as observava com um sorriso tranquilo no rosto.

- Você se apega muito fácil... - ouviu o sotaque de Kijamii dizer atrás dela.

- Está aí a quanto tempo? - questionou, sem virar para encará-lo.

- Pouco tempo. - respondeu seco. - Não se apegue, Shoma.

- Não vou me apegar. - responde ela. - O que te faz pensar que...

Ele a interrompe.

- Se prender ao passado não vai ajudá-la a seguir em frente, Shomara.

- Ora, pare de me dar sermões, seu russo de quinta. - respondeu ela, o encarando com o rosto transformando-se em uma carranca. - Não preciso de palestras, principalmente de você.

Passou por Kijamii e esbarrou o ombro no dele com força.

- Sabe que não podemos ficar. - retrucou ele. - O acordo do grupo é não fazer parte de nenhum reino ou criar laços. Não pode se doer sempre que alguns filhotes te lembrarem das suas docheri.

Ela o ignora e caminha para onde Ndoto, Usingizi e Uharamia estavam. Kijamii apenas bufa e se junta aos outros quatro.

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OLÁ TERRÁQUEOS, SAUDAÇÕES )0)
Sua alienígena favorita está de volta. Turu bom com vocês? Espero que sim -w-

Gostaram do meu novo bordão? Vou usá-lo a partir de agora e.e'
Capítulo um de Riverlands reescrito e editado com sucesso, yay! Bem, queria pedir desculpas por demorar pra postar e comentar. Minha internet está uma porcaria, minha escala de sono está uma merda de novo e eu voltei a ficar viciada em construir casas no The Sims 4 - pirata porque sou pobre.

Bem, como disse antes, o grupo dos caçadores de recompensa era uma das coisas que pode/ia acontecer. Vou mudar o tempo da aparição do grupo, apenas por enquanto. Essa foi a aparição mais impactante deles, já que foi no início da fama.  A Luna, nessa parte, é adolescente, entrando pra fase jovem adulta quando ela começa a fazer fama de caçadora de recompensas. Ela teria seus dezesseis pra dezoito anos. O grupo inicial é formado por leões que estavam no mesmo santuário que ela, mas vieram de partes diferentes do mundo e foi ganhando seguidores com o passar do tempo. Como deu pra notar, Shomara é árabe, ela tem seus vinte e oito pra trinta anos e adora filhotes. Kijami é russo e tem seus quinze pra dezessete anos. O sotaque dele é parecido com o do Vitaly, de Madagascar. Ndoto vai ter nascido no santuário mas a língua nativa dela é suaíli, já que foram os pais dela que a ensinaram. Uharamia vai ter vindo da Inglaterra e Usingizi vai ter vindo da Alemanha. Vou falar mais sobre eles depois, mas sintam-se livres pra criar caçadores de recompensa também u-u

Agora, para as traduções e.e'

Espanhol
Venimos en paz - Viemos em paz
Ningún danõ - Nenhum dano
Hacer largos viajes - Fazer longas viagens
Nuestra fama nos precede - Nossa fama nos precede
No soy el lider de nadie - Não sou líder de nada
Estas hablando a mi? - Está falando comigo?
Venimos - Viemos
Tener miedo - Ter medo
Pero no lastimamos a los niños - Mas não machucamos crianças
Pendejo - Imbecil/estúpido
No hay problema - Não tem problema
Soy - Sou

Inglês
I assure you - Lhe asseguro

Russo
Ledi - Senhora
Docheri - Filhas

Árabe
Saghir - Pequena
Tahiyati - Saudações

Com sorte, eu consigo comentar em outros blogs e postar esse capítulo. Enfim, post já tá bem longo, vou encerá-lo por aqui uwu

Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-