terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Anida [Cap.5]

Thadi coloca as garras na garganta de Endra e começa a pressionar. Para a sorte da leoa, sua juba a protegia, caso contrário, as garras de Thadi teriam feito um estrago.

— T-Tio Thadi, s-sou eu… Endra, de W-Wishar! — A leoa responde com dificuldade. Thadi alivia a pressão na garganta de Endra, que tosse levemente. — Peço desculpas por aparecer sem avisar.

Thadi alarga os olhos levemente e sai de cima da leoa, que respira fundo e se levanta.

— Devo dizer, tio Thadi, você realmente é um leão forte. As histórias de guerra dos meus tios não fazem jus a sua extrema... força. — Endra sorri e passa a pata por cima de sua garganta. — Novamente, peço desculpas pela invasão.

Thadi arqueia a sobrancelha.

— Sou eu quem deve desculpas, princesa. Fez uma breve reverência, que Endra retribui. — Meu grupo de patrulha procurava um forasteiro que foi visto na divisa com Rivalon.

— Creio que tenha sido eu. — A leoa ri timidamente e aponta brevemente para o topete de sua juba. — É um pouco difícil não me confundir com um macho.

O leão abre um pequeno sorriso.

— Espero que, apesar do susto, sua viagem tenha sido tranquila. — Thadi começa, sentando-se. — A que devemos o prazer de sua visita?

As orelhas da leoa se abaixam.

— É uma... longa história. — Murmurou cabisbaixa. A leoa logo voltou a atenção para Kisai, que observava a interação sem demonstrar surpresa. — Essa pequena me fazia companhia.

Thadi novamente arqueia a sobrancelha. A mudança de tópico não passou despercebida para o rei, mas resolveu não comentar nada, afinal, devia ser um assunto delicado para a princesa. 

— Kisai é uma das novas integrantes do reino. — O leão começa, abrindo um pequeno sorriso. — Ela, sua irmã e suas amigas chegaram há alguns dias. Meu grupo de patrulha as encontrou inconscientes devido à desidratação. — Thadi bagunça a franja de Kisai, que solta uma risada baixa. — Elas acordaram hoje pela manhã.

— Bem, foi um prazer conhecê-la. — Endra comenta, sorrindo para Kisai, que retribui o sorriso. — Mas creio que esteja ficando tarde, Majestade. E tenho alguns assuntos para discutir com você e a Rainha.

Thadi confirma com a cabeça.

— Vamos, então. Suas amigas já estão na caverna, Kisai. — A filhote acena com a cabeça e antes que ela pudesse sair andando, Thadi a segura pelo couro do pescoço gentilmente e a carrega para fora da floresta, sendo seguido por Endra.

Quando os três saem da floresta, Kisai nota as estrelas aparecendo e o sol se pondo. A pequena sequer tinha percebido quanto tempo tinha passado na floresta e, se fosse sincera consigo mesma, Kisai estava com fome. Se arrependia amargamente de ter pulado o almoço. A filhote passa a pata pela barriga, ouvindo um leve ronco, e se estremece.

Thadi nota o desconforto de Kisai e acelera o passo. Não demora muito para os três chegarem na caverna. 

— Akili deixou um pedaço de carne separado pra você. — O leão começa, colocando Kisai no chão. — Coma um pouco e descanse.

A filhote confirma com a cabeça e corre na direção da irmã e amigas, que cumprimentam a pequena com sorrisos e Akili não demora para guiar Kisai até um pedaço de carne, que a filhote devora em segundos.

— Onde esteve, Kisai? — Akili indaga, depois que a irmã termina de comer. Kisai solta uma risadinha em resposta e conta a história toda para a irmã.


[...]


Thadi tinha ido buscar a esposa na caverna. Endra, que olhava em volta, tinha ficado no aguarde do rei, que logo retornara com sua parceira. 

— Endra, querida, que surpresa. — Começa Habi, sorrindo para a mais nova, que faz uma breve reverência. — Peço desculpas por não preparar nada para sua chegada.

— Eu que devo desculpas pela aparição sem aviso, tia Habi. — Endra sorri apologética. — Mas tenho um assunto importante para tratar com os dois.

A expressão dos reis passa de feliz para preocupada.

— Alguma coisa aconteceu em Wishar desde nossa última visita? — Habi indaga, se aproximando da leoa, que agora, pelo que Habi notara, segurava as lágrimas. 

— M-meus pais. Eles morreram graças a uma "doença". — Endra abaixa a cabeça, não queria ter que dar a notícia assim. — E-eu tentei reunir o Conselho, mas meus tios me proibiram de sequer tentar tratar dos assuntos do reino. — As lágrimas de Endra agora fluíam livremente e Habi foi rápida em abraçar a princesa. — E-eu precisava pedir ajuda para alguém mas meus tios também não me deixavam sair do reino, tive que ser exilada para poder vir para cá!

— Exilada?! — Habi estava furiosa, apesar de não demonstrar. A Rainha segura gentilmente o rosto de Endra e a princesa funga.

Endra vira o rosto, se soltando das patas de Habi no processo. — Eles acham que eu tive alguma coisa a ver com as feridas do meu primo. Ele me seguiu quando eu fui procurar o Aracnídeo e, pelo que eu entendi, alguns leões exilados o atacaram. — A leoa funga. — Quando cheguei no reino, meus tios tinham reunido os nobres e resolveram me exilar. — Endra abaixa o rosto. — Hasi tentou impedi-los mas não adiantou de nada. A última vez que o vi, ele estava brigando com meus tios... Isso foi há dois, talvez três dias.

— Oh, Endra. — Habi abraça Endra novamente e encara Thadi com um olhar preocupado. Seu parceiro apenas confirma com a cabeça. — Pode ficar o tempo que quiser, querida.

— Agradeço a gentileza, tia Habi. — A mais nova diz, sorrindo brevemente. — Acredito que meus tios fizeram isso só para que Hasi subisse ao trono.

— Ananda ainda tem a mentalidade de nossos pais. — Habi suspira. Estava decepcionada mas não surpresa. Desde filhote, a rainha se lembrava do comportamento de Ananda. A mentalidade dela era sempre a mesma: "Leoas não prestam para reinar." 

Habi se lembrava exatamente do dia em que Fadhili deu uma bela bronca em Ananda.

"— Todos os filhos do papai deveriam ser machos! Fadhili e Habi vão ser uma vergonha para os reinos, vão ver só! — A filhote de pelo alaranjado exclama, bufando e batendo a pata no chão. Os outros dois filhotes apenas reviraram os olhos para a atitude mimada de Ananda. — Agora vão me ignorar?!

— Ananda, anjinha, por que não vai... Ah, eu não sei... — Kadza, a filhote de pelo amarelo alaranjado começa, arqueando a sobrancelha e passando os dedos sob o queixo. — Reclamar com quem se importe? É por isso que passamos mais tempo com sua irmã ou com os outros filhotes, você é muito chata!

— É, Kadza está certa. — Mtawala resmunga. — Você é... Bem chatinha, Ananda.

Ananda arregala os olhos. Sua surpresa logo se transforma em raiva. Kadza e Mtawala começam a se afastar e Ananda, não se dando por vencida, põe as garras para fora e acelera em direção aos dois, pulando em cima de Mtawala e mordendo a nuca dele com força. 

O filhote grita e quando Kadza tenta afastar Ananda dele, a filhote alaranjada lhe acerta com as patas traseiras, fazendo-a bater contra uma pedra e rosnar de dor. Ananda consegue disferir vários golpes em Mtawala com suas garras, o mais perceptível sendo no lado esquerdo do focinho, indo até a bochecha. O filhote creme tentava se soltar sem sucesso e ajudar sua gêmea, mas a posição que Ananda o atacava deixava tudo mais difícil.

— O que está acontecendo aqui?! — Habi se aproxima, seguida de Fadhili, Heshima e Rahim. A leoa dourada segura Ananda pelo couro do pescoço e a puxa para longe do irmão. 

— Kadza! — Mtawala corre até a irmã, que se levantava com dificuldade. Após se levantar, Kadza se chacoalha e passa a pata na cabeça. Por sorte não tinha nenhum resquício de sangue. A filhote murmura um "estou bem" e Mtawala sorri levemente. Estava preocupado com a irmã, apesar de sentir dor onde Ananda o acertara.

— Me solte, ainda não acabei com ele! — Ananda se contorcia, tentando escapar.

— Ananda, o que foi isso?! — Fadhili indaga, rosnando para a irmã caçula. — O que estava pensando?!

— Estava ensinando uma lição para esse... Esse... — Nenhum xingamento criativo vem em mente para a filhote e ela bufa. — P-para esse imbecil! Mais um pouco e eu teria terminado!

Habi coloca a filhote no chão e vai ao auxílio de seus irmãos.

— Somos convidadas aqui, Ananda! — Fadhili exclama. A jovem estava extremamente estressada, principalmente depois de descobrir que seu pai planejou um casamento para ela. — Não pode sair atacando os outros por terem opiniões diferentes das suas! — Ananda abaixa as orelhas e vira o rosto, soltando um "humph". — Rahim, por favor, leve Ananda e Mtawala para a caverna.  

— O-o que? M-mas... — Fadhili interrompe a filhote.

— Sem "mas". Estou decepcionada com você, Ananda. — A mais velha responde, franzindo a testa. — Vamos conversar quando eu voltar para a caverna.

— Leve esses dois também, Rahim, por favor. — Habi empurra os irmãos gentilmente até Rahim. O leão de juba preta sorri para Habi, que cora levemente e vira o rosto. — E-e mantenha Ananda longe deles, por via das dúvidas.

Rahim pega Ananda pelo couro do pescoço com cuidado e dá uma última olhada para trás, confirmando com a cabeça e se afastando. Os outros três filhotes o seguem. 

Assim que os filhotes estão longe, Heshima encara Fadhili e Habi.

— Então... Qual é o plano, Fadhili?"

Rahim... Ele tinha sido o primeiro namorado de Habi mas o relacionamento não tinha dado certo, afinal ele morava em Wishar e tinha responsabilidades como guarda real em treinamento e ela tinha responsabilidades com os irmãos, o reino e, infelizmente com o pai. Ela, no entanto ainda tinha um carinho enorme pelo leão e sentia falta das visitas ocasionais dele.

— Habi? — Thadi chama a esposa após perceber que ela estava aérea. 

— A-ah, minhas desculpas. — A Rainha solta Endra, que agora tinha parado de chorar. — Por favor, entre, Endra. Está esfriando e você deve estar cansada e com fome, ainda sobrou um pouco de carne do almoço. — Habi sorri e se afasta de Endra, ficando ao lado do parceiro. — Sinta-se em casa, querida. Amanhã anunciaremos sua estadia aqui.

Os três adentram a caverna e Endra passa cuidadosamente por todos que já dormiam e vai para o fundo mais distante da caverna. A leoa só se deitou quando sentiu a área mais gelada da caverna. 

Thadi e Habi a observavam. Os dois estavam preocupados, era como se... Ela se punisse por alguma coisa. Fosse o que fosse, Endra contaria quando estivesse pronta.


[...]


Era bem cedo quando Endra acordou. Tons de roxo e rosa cobriam o céu, assim como algumas estrelas que sumiam aos poucos. A leoa se espreguiçou e saiu da caverna silenciosamente, com cuidado o bastante para não acordar os outros. Ainda grogue pelo sono, Endra se forçou a caminhar até o lago. 

Podia ver alguns animais despertando e não demorou muito para que algumas leoas e leões se juntassem a ela. Podia ouvir os sussurros das adolescentes e mudou sua atenção para elas, que começaram a corar ao notarem que foram pegas.

Endra manda um sorriso gentil para elas, que retribuem um pouco tímidas. Antes que Endra pudesse se aproximar e falar com elas, ouve o rugido de Habi, anunciando a chegada da princesa ao reino e convocando os calais mensageiros, que depois de receberem ordens da Rainha, alçaram voo e partiram em direções separadas. 

Endra, que tinha observado a breve interação de Habi com as aves, estava confusa e depois de terminar de beber água, foi ao encontro da Rainha, que agora, conversava com duas adolescentes.

— Quero que fiquem alertas e digam para os outros fazer o mesmo. — Habi diz. Seu tom era firme e ela parecia nervosa. — O leão que invadiu o reino deve ser encontrado o quanto antes. Os Conselhos se reuniram essa semana aqui em Anida. 

Uma das leoas, a de pelo preto, confirma com a cabeça e se retira.

— Avisarei os outros animais também, tia Habi. — A leoa que ficou diz, franzindo a testa. — Kira vai me ajudar e começaremos a busca. Aquele leão não vai sair daqui tão facilmente. 

A leoa se afasta e Endra se aproxima de Habi.

— Algum... Problema, tia Habi? — Endra sorri para Habi, se aproximando. A rainha parecia frustrada; suas sobrancelhas estavam franzidas e suas orelhas, abaixadas. A expressão da Rainha muda rapidamente quando ouve a voz de Endra.

— Ah, Endra, bom dia. Apenas um forasteiro no reino. — Habi sorri tranquilizadora. Sabia, pelo histórico de Wishar, que Endra era capaz de lutar e se defender muito bem. — Thadi e os outros machos estão com dificuldade para encontrá-lo.

Endra solta uma risadinha.

— Peço desculpas pela minha falta de modos. — A leoa jubada sorri tímida. — Bom dia, tia Habi. — Fez uma breve reverência. — Bem, se estão com tanta dificuldade, deveriam tentar atraí-lo com uma fêmea, não acha?

Habi arqueia a sobrancelha. Tinha se interessado na ideia de Endra. — Uma... Fêmea? Quer elaborar? — Se sentou.

— Bem, se for um nômade procurando por um lugar temporário para ficar, talvez seja provável que esteja procurando também uma parceira. — A leoa explica solenemente. — Se uma das leoas se voluntariar, talvez possamos encurralá-lo e perguntar quais suas intenções no reino.

Habi pensa um pouco. De fato, não era má ideia.

— Talvez uma jovem adulta fizesse o truque. — Habi completa. — Conversarei com algumas fêmeas. Se uma delas aceitar, as mandarei para a floresta, a última vez que avistaram o leão foi lá. Agradeço a ajuda, Endra.

— Imagine, foi um prazer. — A amarronzada sorri, reverenciando brevemente. — Se precisar de qualquer ajuda, estou à sua disposição.


[...]


O sol estava alto no céu. Endra, que tinha ajudado algumas adolescentes com o treinamento, estava deitada sob a sombra de uma árvore, descansando e assistindo os filhotes conversando. Ela se sentia observada, mas nenhuma das leoas estava olhando em sua direção e os filhotes estavam mais entretidos em sua conversa do que nela. Ela olha por cima do ombro, em direção a floresta e observa por qualquer movimento. Depois de alguns minutos sem notar nada, Endra dá de ombros e se aproxima dos pequenos. 

Kisai e Akili eram quem mais se destacavam graças as cores chamativas de suas franjas e caudas. 

— Do que falam, pequenos? — Os filhotes, um pouco chocados pela aparição repentina, param de conversar entre si e encaram Endra, que sorri apologética para eles. 

— Ah, Princesa Endra. — Kisai começa, se aproximando e parando na frente da leoa. — Bem, estávamos decidindo do que brincar. Elimu aqui... — A pequena gesticula para o filhote cinzento — ... não pode correr e queríamos incluí-lo na brincadeira hoje.

— Bem, talvez algo como... Esconde-esconde? — A mais velha sugere pensativa.

— Nah, Tama tem medo do escuro. — Hakuwa resmunga despreocupado. 

— E eu não sou bom em ficar quieto. — Walimu ergue a pata relutantemente. — Sou meio desastrado.

— Sem contar que dez de nós são novos no reino, não conhecemos os esconderijos. — Akili completa. — Além disso, a Rainha nos proibiu de entrar na floresta por tempo indefinido, então não podemos ir para nosso clubinho.

Endra pensa um pouco. Antes que pudesse dar alguma sugestão de brincadeira, Wama e seus irmãos se aproximam do grupo. 

— Ora, então as aberrações estão aqui. — A filhote ri debochada. — Não foi muito esperto, diga-se de passagem. Vocês dois não deviam estar na caverna?

— Você não vai mudar, não é, Wama? — Hakuwa pergunta retoricamente. Seu humor tinha azedado com a chegada da filhote.

— Você também não, Hakuwa, chega a ser previsível. Sua mãe disse explicitamente que não queria você e sua irmã fora da caverna, ainda mais depois do fiasco de ontem. — Wama abre um sorriso sínico ao notar as expressões dos príncipes passar de irritados para preocupados. 

— Do que ela está falando, Hakuwa? — Akili pergunta, arqueando a sobrancelha.

Os príncipes hesitam e abaixam o rosto, encarando a grama e o sorriso de Wama se alarga mais.

— Oh, então eles não contaram?! — Udadisi se intromete e começa a rir. — Uau, que amigos!

Os filhotes confusos encaram os príncipes, que pareciam querer se enterrar de vergonha.

— Vamos, Hakuwa! — Wama começa, soltando uma risada breve. — Conta pros seus amiguinhos o que vocês fizeram!

— N-nós... Bem... — Tama começa a murmurar e se atrapalha com as palavras. 

— S-sabem o leão que nosso pai está procurando com o grupo de patrulha? — Hakuwa começa, passando a pata pelo pescoço. — N-nós...  Nós... Encontramos ele. Várias vezes ao longo das últimas semanas... E alguém contou pro papai. — Hakuwa olha com raiva para Wama, cujo sorriso tinha se alargado. 

— Por isso tia Habi parecia tão frustrada hoje de manhã. — Endra acrescentou pensativa, ganhando a atenção dos filhotes. — Ela queria alguma ideia para tentar encontrar o leão o quanto antes.

— Papai vai matá-lo! — Tama exclama. Era a primeira vez que os filhotes ouviram tanto desespero na voz da pequena.

Era isso que Endra precisava para começar a correr em direção à floresta. 


[...]


Endra correu pelo que pareceram horas, procurando por qualquer sinal do forasteiro ou de Habi e Thadi, sem sucesso. Estava perdendo as esperanças quando sentiu-se observada novamente. A leoa ajeita a juba e respira fundo. 

— Você certamente é uma leoa estranha. — Uma voz desconhecida se aproxima por trás de Endra. — O que faz no meio da floresta, princesa?

— Eu devia lhe perguntar a mesma coisa. — A princesa olha por cima do ombro e encara o forasteiro, arqueando a sobrancelha. — Estou começando a achar que você está me perseguindo, Laken.

O leão sorri. — Não ousaria persegui-la, Endra. Sua percepção e habilidades de combate são deveras incríveis.


Endra finalmente se vira para encarar o macho. — O que faz em Anida? Vossas Majestades estão estressadas com você aqui, deveria ao menos se apresentar a eles, mostrar que não é uma ameaça ao reino. — Ela olha em volta, franzindo a testa. Tinha notado um leve cheiro de sangue emanando de Laken. — Esteve... caçando?

— Pff, não. Encontrei uma leoa morta e três filhotes recém-nascidos alguns dias atrás perto da fronteira de Anida e Dugani. — O leão suspira, se sentando. — A morte dela foi... brutal. Nada que eu tivesse visto antes e nada que alguém de Dugani pudesse ter feito, são todos pacifistas lá.

— Você a conhecia? — Endra estava curiosa, Laken não era muito de mostrar que se importava com outros. — Pelo jeito que você fala dela, quero dizer. Ela era conhecida sua, não era?

Em resposta, Laken franze a testa e vira o rosto. — Eu a conheci em Dugani. Ela já estava prenha quando a conheci, ninguém do reino sabia quem era o pai do filhote. — Laken olha brevemente para as patas. — Muhuri era uma boa leoa, não faria mau à uma mosca.

— E os filhotes estão vivos? — Laken concorda solene. — Sob seus cuidados? Posso pedir para os reis deixarem vocês ficarem no reino

— Não posso pedir isso a você, princesa... — O leão solta outro suspiro.

— Não está pedindo. — Endra sorri. Podia perceber a exasutão na voz de Laken. — Além disso, não pode se esconder com os filhotes para sempre. Vá buscá-los. Levarei vocês para o reino em segurança.

Laken hesita. Sabia que Endra adorava filhotes mas temia a reação dos reis, afinal, estava se escondendo deles há dias, fazendo de tudo para que não encontrassem o esconderijo que preparou para os filhotes. 

— Está bem. — O leão suspira baixo. — Vocês, adolescentes, sabem como convencer alguém. 

Endra sorri e Laken desaparece entre os arbustos, voltando depois de alguns minutos sendo seguido por filhotes. Endra queria questionar como ele alimentava três filhotes pequenos, mas sabia que Laken teria dado um jeito, a floresta tinha várias fêmeas dispostas a cuidar de filhotes necessitados. 

— São umas gracinhas, Laken. Quais os nomes? — A adolescente se inclina para perto, notando a cabeça de um dos filhotes espiando os arredores, tomando cuidado para não assustar o pequeno.

O mais velho sorri. — Ainda não lhes dei nomes, não quero me apegar. — Endra abre um sorriso simpático, Laken odiava se apegar pois tinha um histórico de abandono, então sempre afastava os outros. Para o azar dele, Endra não se deixou intimidar pelo exterior frio do leão e ele, eventualmente, se cansou de tentar afastá-la. — Conheçam a tia Endra, pirralhas.


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OLÁ TERRÁQUEOS, SAUDAÇÕES )0)

Sua alienígena favorita está de volta. Turu bom com vocês? Espero que sim -w-

Mais um capítulo concluído antes do final do ano, grazadeus :'3

Bem, esse capítulo trouxe a introdução do Laken finalmente e, quem diria, a Endra conhece ele ¬w¬

Provavelmente não teremos mais forasteiros invadindo Anida e ficando escondidos na floresta, então tá tudo safe u-u

Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-