terça-feira, 16 de março de 2021

Planos pro Blog + Pequena Análise sobre TLK

OLÁ TERRÁQUEOS SAUDAÇÕES )0)

Sua alienígena favorita está de volta. Turu bom com vocês? Espero que sim -w-

Bem, pelo título, vocês já sabem do que esse post se trata, certo? Mas calma, não vou parar o blog. Não pretendo, pelo menos. Vamos falar sobre meus planos pro blog.

Pra começar, eu sou uma pessoa que se distrai facilmente. E com isso quero dizer basicamente que, obviamente, se eu acho alguma coisa interessante, minha atenção passa unicamente pra essa coisa por um tempo. Seja desenhar, escrever, jogar... Já deu pra notar o que aconteceu, né? Eu me distraí com jogos e o blog ficou parado por um tempo, aí eu escrevi uma postagem, terminei um capítulo - que era pra ter saído depois do capítulo dois de Riverlands Rivalon - e, se eu não tivesse tido essa ideia, o blog ficaria parado de novo.

Então, pra garantir que o blog não fique morto, resolvi impor pra mim mesma algumas metas pro blog:

* Terminar o Guia dos Reinos sobre as Divindades - é autoexplicativo, pra ser franca. Tenho que terminar de desenhar elas e depois terminar a postagem. Pra resumir, são nove Divindades e meia - vou explicar melhor no post delas - e a Dede e eu, apesar de termos decidido o que cada uma vai fazer, não decidimos exatamente como elas vão ser. Quer dizer, obviamente, elas vão ser os animais citados no capítulo 4 de Anida, mas não decidimos qual vai ser a aparência exata de cada uma.

* Terminar a reescrita de Anida - mais um tópico autoexplicativo. Meu objetivo principal é terminar a reescrita e pôr um fim digno ao meu legado mais antigo. Uma das ideias que eu tive foi fazer a reescrita ter, pelo menos, dez ou quinze capítulos focados na infância das meninas. Depois, cinco ou seis focados na adolescência delas e, por último, uns vinte capítulos focados no reinado da Akili e do Hakuwa e nos filhos deles. 

* Terminar de escrever Riverlands - preciso explicar? Bem, Riverlands está parada devido ao meu bloqueio criativo, obviamente e uma das minhas metas é continuar escrevendo ela mais pra frente. Talvez depois de terminar Anida. Lembram quando eu disse que uma guerra poderia acontecer mas que não seria possível porque Mauaji sairia perdendo? Pois é... Estão cientes que a Endra foi expulsa de Wishar, não é? Bem, como os tios da Endra expulsaram ela, não teria motivo pra ter uma trégua entre Wishar e Anida - ou entre Wishar e os outros reinos, com exceção de Mauaji - , afinal, que tipo de tios expulsariam a sobrinha - próxima na linha de sucessão ao trono, graças a morte dos pais - pra que os próprios filhos subissem ao trono? Entenderam onde eu quero chegar? Uma guerra pode acontecer entre os reinos e vocês, caros leitores, seriam obrigados a sentar e assistir no caso ler seus personagens favoritos ficarem feridos e possivelmente morrer, tudo enquanto vocês comem pipoca e tomam refrigerante.

* Começar oficialmente O Reinado de Scar - como assim "começar oficialmente"? Bom, comecei a escrever o prólogo esses dias e já tive várias ideias para o desenvolvimento da história. Principalmente uma para explicar a saída da Nala do reino. Não, não tem nada a ver com o curta que foi tirado do filme original, onde o Scar escolheria a Nala como rainha. É algo totalmente diferente, na verdade. Scar não vai estar a procura de uma nova rainha, afinal, ele já vai ter a Heneia. Basicamente, Nala e Nafsi vão brigar feio. Não direi o motivo, pra não dar spoilers, afinal, só comecei o prólogo, não a história.

* Começar as histórias dos outros reinos - acho que deu pra notar que todos os reinos tem histórias interligadas pelo fato de a Endra aparecer e pelo fato da Amilika, da Kwaida e do Dhaifu - que são filhotes de Mauaji - terem aparecido também. Eu me inspirei no blog da Catylenne pra essa ideia. O blog dela é antigo e tá abandonado, mas as histórias são boas, então sugiro que deem uma passadinha lá.

* Terminar os desenhos que comecei - esse é bem clichê mesmo, mas a maioria dos desenhos de TLK relacionados às histórias não foram terminados. Quer dizer, a maioria é .png e já tá concluído, mas os que são .SAI ou .psd não estão nem perto da conclusão. Isso e também tem os desenhos tradicionais que estou fazendo no meu curso. Sim, eu voltei pro curso de desenho e sim, estou me cuidando quando saio e chego em casa. Como meu curso é só uma vez por semana - ou seja, sábado - eu tenho tempo livre a semana inteira, então vou tentar, apenas tentar, pôr as postagens em dia durante a semana. Me conhecendo, não vou estipular uma data certa pra postar pra não decepcionar vocês.

Outra coisa que eu queria fazer, aproveitando meu tempo livre, é traduzir o The Lion King: Six New Adventures que a Hta disponibilizou no blog dela. Meu inglês não é dos melhores ou piores, mas dá pro gasto e, como ela mesma disse, ninguém nunca traduziu os livros aqui pro Brasil, então...por quê não, né?

Mas pra isso, quero a sincera opinião de vocês aí nos comentários ;u;

Ah, também parei pra analisar umas coisas sobre TLK ontem e só agora caiu minha ficha de que o Kovu não é um adulto completo. Vocês já devem ter percebido isso, mas minha ficha só caiu mesmo ontem, então ainda tô processando o assunto.

Kovu e Kiara teriam seus 16 pra 18 anos quando a Zira põe o plano dela em ação. A juba do Kovu ainda tá na área do pescoço/clavícula. Já a juba do Simba quando ele volta pra enfrentar o Scar já tá na área da barriga. A falta de crescimento da juba do Kovu pode indicar a falta de alimentação por ele ser exilado mas, parando pra pensar, o mesmo devia ter acontecido com o Simba, afinal, ele só comeu insetos enquanto estava com o Timão e o Pumba e, embora insetos tenham proteínas, não acredito que sejam o bastante pra satisfazer um carnívoro de porte grande.

Então, tecnicamente, o Kovu e a Kiara ainda estariam na adolescência, só que indo pra fase "jovens adultos" quando pararam a guerra, ou seja, a juba do Kovu não estaria 100% formada, tanto pela falta de comida, quanto pelo fato de ele não ser adulto. 

E se o Simba e a Nala, no 1º filme, tiveram a Kiara enquanto rolava o "Nesta noite o amor chegou", tecnicamente segundo a lógica, eles também estariam na fase "jovens adultos" com seus...18, 19 anos e eu não acho que o Simba fosse deixar a Kiara perto do Kovu nessa idade, pra ela não engravidar "cedo demais", como a Nala engravidou. E se não me engano, as leoas atingem a maturidade sexual com 1 ano, ou coisa assim, já os machos, com 2 anos.

Claro, o ciclo de gestação das leoas é diferente dos humanos, mas basicamente seria isso.

Ainda mais se levarmos em consideração a teoria do Kopa, que ele teria morrido por um ataque da Zira e por descuido do Simba e o Simba se sentisse culpado. Aí, essa culpa se transformou em super proteção em relação a Kiara. Então, faria sentido o Simba não querer a Kiara perto do Kovu, fora o fato de ele ser um exilado e se levarmos em consideração também que o Kovu já tem um começo de juba no começo de TLK 2, ele seria algumas semanas ou meses mais velho que a Kiara, portanto, faria sentido a Nafsi ser mãe dele na minha versão.

E também faria sentido a Zira falar que ele foi o último que nasceu antes dela e as outras seguidoras do Scar serem exiladas.

Edit [12/2022]: Nathy escreveu esse post quando estava caindo de sono depois de passar a noite em claro, então desculpem os erros ortográficos. Estou trabalhando pra melhorar a qualidade das postagens.

Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-


sexta-feira, 12 de março de 2021

Anida [Cap. 4 (Atualizado 12/2022)]

— Anida? — Kami inclina a cabeça. — Puxa, nossa viagem valeu a pena. O reino é mais bonito do que eu imaginei — a filhote riu, olhando em volta, reparando na vasta vegetação.

— Sabem se os reis estam aceitando novos membros? — Pergunta Walimu. — Nascemos nas fronteiras de Dugani mas nossa família é nômade e estávamos procurando um lugar para morarmos.

Akili e Kisai se encaram.

— Sinceramente, não sabemos — respondem em conjunto.

— Podemos perguntar para o príncipe — comenta Wami. — Ele ficou muito cativado com Akili, não é, Akili? — Wami provoca a amiga, erguendo as sobrancelhas sugestivamente enquanto a vê revirar os olhos com a provocação. — Talvez ele possa falar com o rei. 

Os trigêmeos erguem as orelhas e abrem sorrisos.

— Só temos que encontrá-lo — completou Wazi. — Por que vocês não buscam sua família e nós vamos procurar o príncipe? Podemos nos encontrar aqui em meia hora.

Antes que qualquer um dos filhotes pudesse responder, os dez ouvem rugidos e erguem as orelhas.

— Parece com o rugido do papai — comenta Kami, a testa dela franzindo em preocupação. 

— E parece que ele trombou com tia Wonaji e a tia Kinga — Mwezi adiciona. 

— Acho que ouvi o rugido de mais alguém — murmura Jioni. 

— Acho que era um dos nossos tios — responde Walimu. 

— Sinto cheiro de encrenca — Safi murmura.

— Acham que devíamos investigar? — Indaga Hasa. — Talvez possamos evitar uma briga.

Os filhotes concordam e logo começam a correr na direção dos rugidos, encontrando Wonaji e Kinga, circulando quatro leões. Os pequenos se escondem entre as moitas e observam a interação.

— Não me façam repetir! — Exclama Wonaji, soltando um rosnado. — Caiam fora!

— Não sairemos até termos uma audiência com os reis — respondeu o leão de olhos verdes e juba escura, retornando o rosnado.

— Vossas majestades chegaram aqui a qualquer instante — retruca Kinga. O pelo de suas costas estava eriçado e ela apresentava uma postura defensiva. — Um rugido de aviso é o bastante para chamar a atenção de alguns leões do reino, não acham?

Os outros três leões tomam uma postura defensiva e Wonaji e Kinga os rodeiam, parando somente quando ouvem os rugidos de Thadi, Habi, Askari e Kamila à distância.

— Só queremos uma audiência com os reis — murmura o leão de juba loira, encarando Kinga.

— E uma audiência com os reis é o que vão ter — é a resposta da leoa, que mostra os dentes e dá um passo à frente. 

Não demora muito para Habi e os outros se aproximarem, cercando os quatro forasteiros. 


— Agora não é hora de bancar o rei, Jafari. Não é nosso território, jurisdições e tradições diferentes — diz o leão de pelo escuro e juba caramelo, ganhando um rosnado de Jafari em troca. Habi, que estava na frente do leão, deu um passo para trás, e Jafari recebeu um rosnado de Askari.

— Não cause mais problemas do que isso, Jafari — comenta o leão de juba marrom escuro, dando uma leve cutucada no ombro do irmão. — Os filhotes estão por perto, não quer deixá-los órfãos, quer?

Habi ergue as orelhas. — Filhotes? — A rainha abaixa a guarda por um breve segundo. — Vocês tem filhotes?

Antes que um dos quatro leões pudesse responder, Kami, Walimu e Hasa saem da moita onde estavam escondidos e correm na direção dos forasteiros, se escondendo entre as patas de Jafari, que arregala levemente os olhos ao ver os filhos ali.

— O que estão fazendo aqui?! — Questiona o leão que rosnava, baixando a guarda. — Mandei ficarem escondidos!

— Não queríamos ver você machucado, papai — respondeu Kami, abraçando a pata de Jafari. — Por isso viemos quando ouvimos os rugidos. — A filhote então encara a rainha, abrindo um sorriso tímido. — Peço desculpas pelo nosso pai, madame. Ele é um pouco temperamental — Akili, Kisai e as outras filhotes saem de seu esconderijo e Kami logo aponta para elas. — Elas disseram que os reis, talvez, nos concedessem um lar. Mas vamos entender se não formos aceitos, afinal, papai foi um pouco rude.

Habi, Wonaji, Kamilla e Kinga encaram as filhotes, já Askari e Thadi, continuam encarando os forasteiros.

— Sinto muito se causamos algum conflito, Rainha Habi — diz Akili, curvando-se e abaixando as orelhas. As outras seis seguiram seu exemplo. — Não era nossa intenção, não sabíamos que a família deles estava tão perto. 

— Não é culpa sua, pequena — Habi sorri, tranquilizando a filhote. — Foi irresponsável de minha parte e de Thadi deixá-las sem supervisão nenhuma por tanto tempo, então é natural que sua curiosidade sobre o reino aflorasse — a rainha virou-se novamente para o grupo de forasteiros. — Serão bem-vindos para ficar o tempo que quiserem. Espero que não se importem em ajudar meu marido com as patrulhas.

— Agradecemos a oportunidade, majestade — o leão de juba caramelo disse, curvando a cabeça. — Meu nome é Jahari. Esses são meus irmãos, Jawari — o leão de juba loira sorri e acena entusiasmadamente com a pata —, Jabari — o leão de juba marrom escura faz uma breve reverência —, e Jafari. E esses são meus sobrinhos, Kami, Hasa e Walimu.

— É um prazer, majestades — dizem os filhotes, sorrindo para os reis, Habi sendo a única dos dois a sorrir de volta para os pequenos.

— Kinga, Kamilla — começa Thadi, um tanto sério —, escoltem as filhotes, incluindo os novos, para a caverna. Deixem-os com os outros. 

— Sim, majestade — as leoas dizem em conjunto. As duas leoas vão caminhando na frente, sendo seguidas pelos dez filhotes.

— Wonaji, mostre aos cavalheiros as fronteiras do reino e explique-lhes as regras daqui. — Completa o rei, ganhando um "Sim, senhor" de Wonaji. — Askari, acompanhe-os, por favor. Habi e eu temos que discutir sobre a próxima reunião do Conselho. Nyusi será enviado para coletar o relatório.

— Sim, majestade — o leão responde. Wonaji, que até o momento parecia animada, agora estava hesitante, algo que não passou despercebido pelos quatro irmãos, que observavam a interação. Com uma última reverência breve, Thadi e Habi se afastam dos seis.

— B-bem... Vamos andando, sim? — Wonaji começa a caminhada na direção oposta à dos reis e os quatro leões a seguem. O último a acompanhá-los foi Askari, que encarou as costas da leoa com uma expressão confusa, mas logo pegou o ritmo do grupo, caminhando ao lado de Jawari.

— Ela é sempre assim? — Indaga Jawari, tentando puxar assunto enquanto encarava as costas de Wonaji. — Meio intimidadora, quero dizer. 

— Você se acostuma depois de um tempo, eu acho — respondeu o leão de juba preta, meio sem pensar. — Demorei alguns anos pra me acostumar com a personalidade dela.

— Alguns anos? Puxa, vocês devem ser amigos de longa data, não? — Comenta o loiro, sorrindo levemente, deixando Askari confuso.

— Eu... Acho que sim — deu uma risada sem graça. — Não me lembro de muita coisa do meu passado, para ser sincero, tive uma crise de amnésia um tempo atrás. — Jawari solta um "oh" de reconhecimento e confirma com a cabeça, voltando a atenção para a frente do grupo, mais especificamente, para Wonaji, que estava com as orelhas para trás e uma expressão pensativa.

Jahari, ao notar a expressão da leoa, olha para trás. Seu olhar pousa em Jawari que, ao perceber o olhar do irmão, da de ombros, como se dissesse "Não faço ideia". Soltando um suspiro baixo, Jawari se aproxima de Wonaji.

— Não sou exatamente bom com palavras e não gosto de me meter na vida alheia — começa ele —, mas acho que você e o gigante gentil ali atrás tem ou tiveram um passado juntos.

Wonaji ergue as orelhas e olha para Jahari. — Desculpe, o que? — Pergunta ela, saindo de seus pensamentos. 

— O que aconteceu entre você e, bem — Jawari gesticula discretamente para Askari com a cabeça. —, ele?

— I-isso está no passado — gagueja ela, se afastando do leão, que se aproxima dela novamente.

— Por favor, a tensão entre os dois está no ar — retrucou ele, dando uma breve risada. — Dá pra sentir de longe, minha flor.

— Não existe tensão entre nós! — Exclamou Wonaji, pigarreando e baixando o tom de voz depois de notar os outros leões a encarando. — Não existe tensão entre nós.

— Você é uma péssima mentirosa — Jawari ri. — Agora, conte pro titio. Como vocês se conheceram?

Wonaji bufa. — Escute, magugu, meu humor já não está dos melhores hoje — começa, parando de andar e virando o corpo para ficar de frente ao leão —, então, por favor, cale a boca ou, que a Grande Mkuu me ajude, vou arrancar todos os seus dentes com uma patada e fazer você engoli-los de uma vez. — Mostrou os dentes para Jahari e marchou à frente, indo mais a frente do grupo, praguejando e esbravejando.

— O que você fez? — Perguntou Jabari, se aproximando do irmão, que ainda estava um pouco em choque com a explosão da leoa. 

— Minha especialidade — resmungou o outro, fazendo bico. — E ela me chamou de erva-daninha!

— Peço desculpas por isso — Askari sorri nervoso. — Ela tem essas explosões de vez em quando.

— Isso se chama tensão acumulada — Provoca Jawari, ganhando um revirar de olhos dos irmãos. — Tensão essa que acho que você devia resolver. 

— Jawari! — Jabari chama a atenção do irmão, que dá risada.

— Só estou dizendo. Ele não é obrigado a nada, é só um conselho —  leão loiro dá de ombros e logo segue atrás de Wonaji. — Os dois vão explodir mais cedo ou mais tarde com essa tensão.

— Ignore-o, Askari — Jafari passa pelos dois, soltando um suspiro. — Ele tende a ter ideias idiotas na maioria das vezes.

— Minhas ideias não são idiotas! — Jawari exclama, bufando para o irmão, que esboça um pequeno sorriso e acompanha Jahari. Jabari logo acompanha os irmãos, deixando Jafari e Askari para trás.

— O que foi tudo isso? — Indaga Askari, encarando os três leões que seguiam Wonaji. Jafari apenas da de ombros em resposta.


[...]


Kinga, Kamilla e os filhotes estavam na caverna. Os pequenos brincavam e eram vigiados pelas duas leoas que, logo que viram Habi se aproximar, ergueram as orelhas e a reverenciaram.

— Peço desculpas pela demora — disse a rainha, sorrindo apologética para as leoas. — Thadi e eu conversamos e achamos que seria melhor se algumas adolescentes que terminaram os treinos de caça cuidassem deles ou, talvez uma ou duas das suas aprendizes, Kinga, se estiver tudo bem com você. 

Kinga concorda com a cabeça. As três leoas discutem, passando pelos prós e contras e pensando em qual leoa teria paciência o bastante para sete filhotes. Habi sabia que Akili e suas amigas se comportariam bem mas tinha suas dúvidas sobre Hasa, Kami e Walimu, que a rainha tinha certeza que seriam vigiados pelo pai ou tios.

— Acha que Kweli poderia cuidar deles, Majestade? — Indaga Kamilla, inclinando a cabeça. — Quero dizer, ela é boa com filhotes e sei que ela já tem muita responsabilidade com Kumi, mas...

— Cuidar de sete filhotes vai ser uma responsabilidade maior ainda — Kinga a corta, franzindo a testa. — Talvez ela possa cuidar de três das filhotes e outra leoa possa cuidar das outras quatro. Kweli treina com Wonaji esse horário, acredito que não seja um problema para ela. — Completou, fazendo uma breve pausa. — Chemchemi está para terminar seu treinamento comigo e ela é boa com filhotes. Creio que ela possa cuidar das outras quatro.

Habi pensa um pouco. — Kweli com certeza ficaria animada — comentou a rainha, com uma expressão pensativa. — Vou pedir a opinião de Wonaji quando ela retornar.

— Retornar? — Kinga inclina a cabeça. — O que ela foi fazer?

Habi solta uma leve risada. A rainha tinha esquecido brevemente que Kinga e Kamilla não estavam mais por perto quando Thadi deu a ordem para Wonaji.

— Thadi pediu pra que ela e Askari mostrassem o reino para os novos leões — a rainha comentou, dando de ombros com uma risadinha travessa. — Acho que ele não aguenta mais a tensão entre aqueles dois.

— Por Mkuu, acha que foi uma boa ideia? — Kamilla arqueia a sobrancelha. — Quero dizer, se nós conseguimos sentir a tensão entre os dois, não duvido nada que os forasteiros também sintam e comentem sobre isso com ela — completou, suspirando e balançando a cabeça. — Sabemos que Wonaji não gosta de lembrar do passado, nada a impede de atacar os novatos.

— Ela não vai atacá-los — comenta Habi. — Tenho certeza disso. O máximo que ela vai fazer é dar uma bronca neles... Esperançosamente. — A rainha estava incerta. Sabia que Wonaji, embora fosse uma boa leoa, também não era a mesma desde a perda dos filhos e o único leão que poderia consolá-la tinha perdido a memória, mostrando pouquíssimos sinais de recuperação. — Só podemos esperar que Wonaji não os mate. Nyusi logo vai trazer o relatório.

— Aquele pardal não se aposentou? — Kamilla indaga. Estava realmente surpresa com o nome de Nyusi sendo citado. — Eu jurava que ele ia se aposentar no reinado do seu pai, Habi.

— Você não era a única. — Murmura Habi enquanto sorri nervosa. — Mas ele é competente, é difícil achar aves assim hoje em dia.

As três leoas dão risada e logo Habi sai da caverna, deixando Kamilla e Kinga.


[...]


Kisai observava suas amigas e irmã brincando juntas com os outros filhotes. Estava pensativa. Por que o rei aceitaria sete filhotes órfãs no reino? Soltando um suspiro, a filhote saiu de fininho da caverna, tomando cuidado para não chamar a atenção de Kamilla, Kinga ou de qualquer outro leão que pudesse impedi-la de sair.

Kisai começou a caminhar pelo reino, evitando as leoas que não conhecia e olhando em volta com cautela, até que seus olhos pousam em Wonaji, que treinava algumas adolescentes.

A filhote escondeu-se atrás de uma pedra e ergueu a cabeça para observar. Além de Wonaji, ela podia ver mais cinco leoas. Uma das leoas tinha pelo dourado, o tufo de sua cauda era alaranjado e seus olhos, verdes. Pelo que Kisai podia ver, a adolescente se parecia com Habi. A segunda leoa tinha o pelo marrom escuro, praticamente preto. Seu canino inferior esquerdo estava para fora da boca, rachado ao meio e seus olhos eram laranjas. A terceira adolescente tinha pelo creme, olhos azuis e o tufo de sua cauda era marrom. A quarta leoa parecia uma bola de pelo, num tom cinza escuro, quase preto. Seus olhos eram amarelos e tinha manchas escuras nas costas e a última leoa tinha pelo alaranjado, olhos cinzentos e uma grande cicatriz nas costas, que terminava em sua pata dianteira esquerda. Kisai notou que a leoa mancava, mas parecia dar o melhor de si.

— Tente pular mais alto, Kweli — comenta Wonaji, ganhando a atenção de Kisai, que observa a leoa de pelo dourado pular e ganhar um aceno de Wonaji. — Vuli, use suas desvantagens a seu favor. Sua presa vai achar que você não consegue pegá-la. Guarde sua energia para o momento certo — Wonaji agora falava com a leoa com cicatriz, que tinha entrado no meio da relva mais alta e estava agachada. — Nzuri, Majira, vocês trabalham bem em equipe mas não deixem que isso suba à cabeça de vocês, pode acabar atrapalhando na hora da caçada — a leoa de pelo creme e a leoa de pelo marrom confirmam com a cabeça. As duas estavam correndo, com cuidado para não acertar Wonaji ou as outras leoas. — Kito, está... fazendo um ótimo trabalho — Wonaji observa a leoa com manchas nas costas, que estava quieta, observando e rodeando um pequeno grupo de zebras à distância.

Kisai as observou, curiosa. Vez ou outra, girava as orelhas para ouvir os sons a seu redor e garantir que nada nem ninguém a atacaria por trás. Quando ouviu a grama atrás de si se mover, girou a cabeça levemente e notou um tufo de pelos marrom alaranjado, que se aproximava da pequena.

Revirando os olhos, Kisai bufou e, aproveitando que seu "predador" se agachou quando a ouviu bufar, Kisai entrou na relva mais alta e começou a circulá-lo.

— U-ué, pra onde ela foi? — Ouviu a voz de Hasa e viu o filhote erguer a cabeça e olhar em volta, completamente confuso. — E-ela estava aqui agorinha.

A filhote sorri travessa e se aproxima lentamente de Hasa, que agora, se aproximava da pedra onde Kisai se escondera mais cedo. Tomando cuidado, a filhote começa a correr na direção de Hasa, saltando e o prendendo no chão, fazendo-o gritar.

— Socorro! Socorro! — Exclamou ele, ganhando a atenção de Wonaji e das cinco adolescentes, que se aproximam da pedra com pressa. — Ela vai me devorar!

Kisai sai de cima de Hasa e revira os olhos. — Eu não como porcaria — reclamou calmamente, ganhando um "ei" como resposta de Hasa.

— Kisai? — Questiona Wonaji, inclinando a cabeça. — O que faz aqui? Deveria estar na caverna com os outros filhotes.

— Estava entediada — a pequena respondeu, dando de ombros. — Kamilla e Kinga não me viram sair, mas aparentemente, esse aqui viu — Kisai encara Hasa com um rosto de reprovação e o filhote abre um sorriso nervoso. — Vim pra cá observar o treinamento, achei as técnicas interessantes.

As adolescentes trocam olhares confusos e em seguida, olham para Wonaji, que inclinou a cabeça levemente.

— Estava assistindo? — Pergunta a leoa parecida com Habi. Kweli, pelo que Kisai se lembrava. 

A filhote confirma com a cabeça. — Gosto de observar os arredores e aprender coisas novas — a filhote responde. — Fico mais familiarizada com rotas de fuga e estratégias de ataque assim.

— E-ela é boa se escondendo — comenta Hasa, ganhando a atenção das leoas. O filhote se encolhe levemente e abaixa a cabeça, limpando a garganta enquanto tenta esconder sua vergonha.

— Devia estar com seus responsáveis, pequeno — comenta a leoa marrom, Majira, arqueando a sobrancelha. — Aliás, vocês dois deviam.

— Vossas majestades não decidiram quem vão ser as cuidadoras do meu grupo — Murmura Kisai, se sentando. — Já esse aí, tem o pai e os tios. 

— Seu pai e tios estão com Askari, perto do lago — diz Wonaji, sorrindo brevemente para o filhote. — Estão ajudando Euclásio, parece que viram um jovem adulto na fronteira, o rei pediu para expulsá-lo.

Hasa confirma com a cabeça e sorri.

— Peço desculpas por atrapalhar seu treino com meus gritos — Hasa abaixa as orelhas e desmancha o sorriso.

— Já estava no final — solta Kweli, notando o desconforto do filhote. — As caçadoras tem que sair daqui a pouco e Wonaji é uma delas, então foi uma coisa boa. 

— Nossa cerimônia vai ser daqui três dias, Wonaji estava apenas repassando os exercícios de caçada — Nzuri diz, sorrindo e abraçando Wonaji, que solta uma risadinha. 

— Cerimônia? — Kisai indaga, inclinando a cabeça. — Que tipo de cerimônia?

— É uma espécie de rito de passagem dos Reinos — explica Vuli. — Acontece quando as adolescentes que treinam para ser caçadoras vão em sua primeira caçada. 

— Geralmente, trazem de volta dois búfalos e estão acompanhadas de caçadoras experientes que apenas auxiliam — Kweli completa. — É como as fêmeas mostram que estão prontas para passar para a fase adulta. Temos que demonstrar força, velocidade, agilidade, trabalho furtivo e trabalho em equipe. É...um jeito de deixarmos nossa "marca" no Orgulho.

— Trazer um dos grandes herbívoros é um jeito de agradecer a grande Mkuu, uma oferenda, de certa forma— comentou Kito. — Ficamos alguns dias fora para assistir o comportamento dos búfalos até que possamos pegá-los.

— O que acontece depois? — Pergunta Kisai, abrindo um sorriso. Tinha se interessado na tradição do reino. — Quer dizer, se a caçada falha, se a caçada é bem sucedida, se alguém se machuca. O que acontece?

— Bem, desde que Habi assumiu o trono, as leis de Anida e dos outros Reinos mudaram graças ao conselho — Wonaji faz uma expressão pensativa. — Antes, as leoas que falhavam em sua primeira caçada ganhavam cicatrizes do rei e eram expulsas do reino por um ano. Se elas sobrevivessem esse período fora do reino, poderiam voltar e tentar de novo — a mais velha solta um suspiro breve. — Agora, se as leoas falham, elas tem que usar uma marcação de tinta específica em seu pelo e tentar a caçada três luas depois da caçada mal sucedida. 

— Se a caçada é bem sucedida, o reino festeja, parabenizando as leoas — Kweli sorri animada. — Elas ganham marcas de reconhecimento e começam a caçar junto com as outras caçadoras. — A leoa dourada solta uma risadinha. — E também é nesse período que os machos começam a cortejar as fêmeas com presentes. 

Kisai faz uma careta de nojo e Hasa sorri convencido. As mais velhas dão risada. 

— Se uma das adolescentes se machuca, a caçada é interrompida — comenta Kito. — Se o ferimento for grave, a leoa é levada para a toca das curandeiras e fica lá até se recuperar ou morrer. As outras não podem continuar a caçada até que as curandeiras deem seu veredito sobre o estado da leoa — a adolescente suspira brevemente, dando uma olhada breve para a cicatriz de Vuli. — O trabalho em equipe é o que mais é valorizado nessa tradição. Então se a leoa acabar morrendo na caçada, tudo é interrompido. As caçadoras experientes trazem dois gnus e o reino fica de luto. 

— Um dos gnus é deixado para Mkuu, como uma prece pra que aceite a leoa que morreu e o outro é deixado para a família da leoa, como um presente de despedida. Ficamos sem comer por um dia se isso acontece — explica Vuli, não percebendo o olhar de Kito. 

— Suas tradições são bem interessantes — comenta Kisai, sorrindo levemente, apesar de notar a olhada de Kito para Vuli. — Mal posso esperar para aprender mais sobre os costumes daqui.

— Será um prazer ensinar nossos costumes pra você, pequena — Wonaji sorri e bagunça a franja colorida de Kisai, que solta uma leve risada. — Mas acho que a leoa mais qualificada para isso seja Kinga. 

— Tia Kinga? — Indagou a filhote, inclinando a cabeça. — Achei que ela treinasse outras caçadoras.

— Kinga treina as curandeiras, mona — comenta Kweli, soltando uma risadinha. Kisai solta um "ah, entendi".


[...]


Kisai e Hasa estavam de volta na caverna, junto dos outros filhotes. A pequena filhote de pelagem preta observava de longe Habi conversando com Kinga, Kamilla e Wonaji. A pequena viu quando a rainha, Wonaji e Kamilla deixaram a caverna, "presumivelmente para caçar", pensou ela, resolvendo se aproximar de Kinga, que agora, acariciava a cabeça de Elimu, que se aproximara da leoa. 

— Com licença, tia Kinga — começa a filhote, ganhando a atenção da mais velha e de Elimu, que sorriu levemente ao ver a filhote. — Se estiver livre mais tarde, poderia me contar mais sobre os costumes e tradições do reino? 

— Mas é claro, pequena — a mais velha sorri para Kisai. — Posso saber o que te fez querer saber sobre esse assunto? É um pouco extenso, não quero cansá-la. 

— Gosto de aprender coisas novas — comentou a pequena, sorrindo brevemente e dando de ombros. — Além disso, tia Wonaji disse que você era melhor nesse assunto, presumo eu que seja pelo fato de você ser uma curandeira, se não me engano.

Os olhos de Kinga alargaram levemente. Estava surpresa por um dos filhotes se interessar nesse assunto. Sua boca se abria e fechava, como um peixe fora d'água.

— Você a quebrou — Elimu solta uma risadinha, seguida de uma tosse. — Isso não acontece com frequência.

Kisai encara o filhote em completa confusão. — Como assim "quebrei ela"? — Inclinou a cabeça e arqueou uma das sobrancelhas. Elimu podia notar o leve pânico no olhar da amiga e tanta acalmá-la.

— Q-quer dizer que você a fez se calar — Elimu responde, cobrindo a boca e tossindo novamente, dessa vez, ganhando a atenção da mãe.

— Elimu, está tudo bem? — A mais velha indaga preocupada. 

— Está sim, mamãe — responde o pequeno, acalmando levemente os nervos da mãe. — É só minha tosse, nada demais. 

— Ainda assim, fico preocupada — Kinga vira a cabeça para Kisai e sorri apologética. — Desculpe por isso, Kisai. Estou livre agora, se estiver tudo bem pra você, mas teremos que ir para a caverna das curandeiras.

— Posso chamar as meninas? — Kisai indaga incerta, com medo da leoa recusar. 

— Mas é claro, querida — Kinga sorri e pega Elimu pelo couro do pescoço. O filhote apenas solta um leve bufo em protesto. — Estaremos esperando lá fora.


[...]


As sete filhotes seguiram Kinga para a caverna das curandeiras. Estavam levemente surpresas com a quantidade de pinturas e gravuras nas paredes, além das várias quantidades de plantas e ervas medicinais. 

Haviam alguns herbívoros na caverna e alguns filhotes de leão recém nascidos com suas mães próximas. Kinga as guia para uma parte mais silenciosa da caverna, coloca Elimu no chão e se senta, as filhotes fazem o mesmo.

— A história é longa, estejam cientes — comenta a mais velha.

— E cansativa — resmunga Elimu, se deitando ao lado da mãe, que solta uma leve risada.

— Vou resumir da melhor forma possível pra vocês. Bem, tudo começou há muito tempo atrás, num reino que se desfez com o tempo. Os reis desse reino estavam aguardando a chegada de seu primogênito — Kinga aponta para uma das gravuras, onde um casal de leões tinha sido desenhado. O leão tinha a pelagem marrom alaranjada e a leoa tinha a pelagem puxada para o vinho. — No dia do parto, a rainha quase perdeu sua vida, mas os Espíritos dos Antigos Reis a pouparam. Sua filhote, por outro lado, não teve tanta sorte. Foi a primeira vez que algo daquele tipo aconteceu.

Kinga então aponta para outra figura, onde os reis e vários outros leões estavam em volta do pequeno corpo de um filhote de pelagem vinho como a da rainha. As figuras pareciam ganhar vida diante dos olhos dos filhotes.

— O rei e a rainha ficaram devastados, principalmente porque estavam tentando há anos ter filhotes — Kinga faz uma pausa, notando as expressões tristes das filhotes. — Os Antigos Reis, por pena do casal, decidiram dar uma segunda chance de vida para a filhote deles, porém, ela ficaria nos Céus com eles, se tornando a Divindade da vida, proteção, céus e clima, sabedoria e da criação. Quando a filhote chegou aos Céus para se juntar aos Reis, ela já era adulta e tinha a juba de um macho, que representava a força e a proteção — a leoa aponta para uma terceira gravura, que mostrava uma leoa de pelos negros e juba branca com marcas vermelhas no rosto, rugindo. — Essa é nossa Divindade Protetora, a Grande Mkuu. Os Antigos Reis usaram um corvo para guiar o espírito dela para os Céus para que ela não se perdesse e passaram todo o conhecimento que tinham para ela, por isso ela é considerada a mais sábia e forte de todas as Divindades.

As filhotes lentamente começam a aplaudir a história. 

— Tia Kinga, quais são as outras Divindades? — Indaga Kisai. — Quer dizer, você disse que Mkuu é a mais forte e sábia, mas e as outras, como surgiram? 

— Mkuu as criou, querida. — Explica a mais velha. — Os Antigos Reis, embora tivessem a levado para os Céus, não tinham a mesma disposição que Mkuu, afinal, ela era uma filhote no corpo de uma adulta e os Reis já eram velhos quando morreram. Mkuu decidiu que não queria mais ficar sozinha, então criou as outras Divindades. — Kinga aponta então para outra gravura na parede, onde seis leões, um canário e um leopardo tinham sido desenhados. As filhotes também notaram uma outra gravura, porém esta estava borrada, como se quisessem que a gravura fosse esquecida. — Esses são Bezalel, Divindade da Morte e dos Espíritos, Kenyatta, Divindade da Música e das Canções, Khalida, Divindade do Tempo e Destino, Mwana, Divindade dos Sonhos e Coragem e sua irmã Nidani, Divindade dos Pesadelos e Medo, Wafira, Divindade da Celebração e Fartura e, por fim, Zera, Divindade da Natureza e Beleza.

As filhotes, um tanto curiosas, encaram as gravuras.

— Qual das Divindades Mkuu criou primeiro, tia Kinga? — Akili indaga, inclinando a cabeça. — Quer dizer, ela é a Divindade Suprema, mas quem foi a primeira Divindade que ela criou?

— Zera foi a primeira. — Comenta Elimu, soltando uma leve tosse. — Mkuu a criou pois se sentia sozinha sem a companhia da mãe. Ela queria uma figura materna em sua vida, então criou Zera. 

Kinga confirma com a cabeça.

— Os Reis ajudaram Mkuu a decidir o talento de Zera e assim o destino da leoa nos céus foi traçado. — A mais velha completa. — Depois de Zera, Mkuu criou Khalida e Bezalel...


[...]


As filhotes saíram da caverna das curandeiras quando as caçadoras trouxeram o almoço. Se sentaram mais afastadas dos leões do reino esperando pelas sobras do gnu quando Wonaji apareceu, colocando um pedaço grande de carne na frente das pequenas, que a encararam confusas.

— Podem atacar, meninas. — Comenta a leoa dourada. 

As filhotes abrem sorrisos e começam a comer. Kisai notou a chegada de Askari, Euclásio, Jafari, Jawari, Jabari e Jahari. Os seis pareciam cansados e famintos, mas se aproximam de Thadi e Habi, que observavam enquanto os filhos comiam.

— Majestade, trouxemos o relatório da busca pelo forasteiro. — Akili ouve Askari dizer. 

— Prossiga. — Thadi encara os leões com o canto do olho. Parecia estar sério e preocupado.

— As gazelas disseram que o viram próximo à divisa de Anida com Rivalon. — Askari começa. — Acreditamos que esteja vindo de Wishar. Talvez esteja procurando um lar, mas não é certeza.

— Acreditamos que ele chegue no reino amanhã ou talvez hoje à noite. — Completou Euclásio. 

— Euclásio, Askari e Thadi podem fazer uma emboscada para ele. — Diz Habi, inclinando a cabeça. — Caso as coisas fiquem mais sérias, vocês atacam. 

Kisai observou os leões se afastando e inclinou levemente a cabeça. Ignorando sua parte da carne, a filhote de pelo preto e roxo se afastou dos outros. Queria explorar e conhecer cada centímetro do reino.

A pequena caminhou até encontrar uma horda de zebras, que comiam despreocupadas. Olhando em volta, Kisai também avistou o lago ligado à Rivalon, onde alguns outros leões - que provavelmente pularam o almoço - estavam. Kisai soltou um suspiro baixo e continuou caminhando, dessa vez, indo em direção à floresta, parando para olhar em volta ocasionalmente. 

Eventualmente pequena acaba na parte mais sombria da floresta, ouvindo os sons de grilos e cigarras, alguns macacos e vez ou outra, o sibilar de uma cobra. Kisai para de andar quando ouve rosnados. Estavam distantes, fracos, mas ainda assim a pequena os ouviu e ficou imóvel por alguns segundos. Girando as orelhas lentamente, Kisai tentara identificar de onde vinha o som, até que ouve outro rosnado, dessa vez, um pouco mais alto.

Se escondendo entre alguns arbustos, Kisai caminha na direção em que ouvira os sons, tomando cuidado para não chamar a atenção de quem quer que estivesse rosnando. A filhote logo avista duas hienas, ambas adultas, rodeando três filhotes de leão que não pareciam muito mais velhos que ela.

— Deixem-nos em paz! — O filhote com começo de juba exclama. Era nítido que ele tremia de medo, mas se mantinha firme, tentando parecer intimidador de alguma forma. 

As hienas dão risada.

— Mas que gracinha, tentando parecer assustador. — A hiena maior se aproxima dos filhotes e, com um simples golpe, a hiena o lança para longe das outras duas filhotes. — Adoro quando meu lanche tenta lutar.

— Dhaifu! — A filhote de pelo marrom caramelo corre até o amigo, que se levantava com dificuldade. As hienas observavam a interação com sorrisos maldosos, esquecendo-se momentaneamente da outra filhote.

— Por que não enfrenta alguém do seu tamanho?! — A filhote de pelo marrom escuro indaga, rosnando e mostrando as garras para as hienas, que se encaram e caem na gargalhada, mas param de rir quando ouvem um rosnado alto.

Kisai observa de olhos levemente arregalados quando um leão marrom sai de trás de uma árvore, pulando sobre os filhotes e parando na frente das hienas.


O leão rosna ameaçadoramente, se colocando numa posição defensiva.

— Que tal me enfrentarem e deixarem esses filhotes em paz? — Os filhotes, que antes tremiam, agora estavam em choque. Kisai e as hienas não estavam muito diferentes. — O que foi? Mkuu comeu suas línguas?

— Uma fêmea? — A hiena menor - um macho, Kisai observou - bufa, segurando a risada. — Uma fêmea de juba?!

As hienas começam a rir novamente e a leoa revira os olhos. 

— Uma leoa de juba, mas que piada! — A hiena maior completa. A leoa amarronzada arqueia a sobrancelha. "Quanta maturidade..." pensou sarcasticamente. Suspirando, a leoa ruge alto, ganhando a atenção das hienas, que pararam de rir e encararam a leoa com medo.

— Agora que ganhei sua atenção novamente, sugiro que saiam deste reino e deixem esses filhotes em paz. — A leoa diz calmamente, se aproximando das hienas, que recuavam aos poucos. — Se eu as encontrar aqui novamente, não serei tão piedosa.

As hienas engolem em seco e confirmam com a cabeça, então começam a correr para fora da floresta, passando pelo esconderijo de Kisai.

A leoa satisfeita, olha para os três filhotes. — Vocês estão bem longe de casa, não é? — Abriu um sorriso gentil e um tanto preocupado. Os filhotes apenas confirmam com a cabeça.

— E-estávamos procurando alguma coisa pra comer. — A filhote de pelo marrom claro começa, baixando a cabeça. — Não tinha mais nada no nosso reino, estamos famintos. Decidimos vir pra cá procurar alguns camundongos e as hienas nos seguiram.

Kisai simpatiza com os filhotes. Sabia bem como era passar fome - afinal, os humanos raramente davam comida ou água para ela e Akili - e não culpava os filhotes por suas ações. Ela via as próprias amigas nos filhotes.

— Esperem aqui, vou buscar alguma coisa pra vocês. — A leoa se afasta, adentrando a densa floresta. Depois de alguns minutos, ela volta com o que pareciam ser restos de uma gazela. Ela coloca a carne na frente dos filhotes e se afasta. Os pequenos nem hesitam. Se aproximam da carne e começam a comer. Em pouquíssimos minutos, nada mais sobra da gazela. — Puxa, vocês realmente estavam com fome. — A mais velha ri, ganhando sorrisos envergonhados dos filhotes. — Espero que estejam satisfeitos.

Eles confirmam.

— Foi a melhor refeição que tive em semanas! — O filhote, Dhaifu, comenta. — Muito obrigado, tia...

— Endra. Meu nome é Endra. — Abriu um sorriso pequeno. — Sugiro que vocês voltem para casa, pequenos. Não sabem que outros perigos espreitam por aqui.

Os pequenos, agora de estômago cheio, se aproximam de Endra e abraçam suas patas, então correm na direção oposta a que Endra apareceu e somem da vista de Kisai, que ouve Endra suspirar e desmanchar o sorriso.

— Lá se vai meu jantar... — Resmungou, passando uma das patas pela barriga, que roncou. — Tenho que parar de me meter em assuntos que não me dizem respeito. — Endra olha em volta. Parecia procurar algo. — Aracnídeo, cadê você? 

Kisai a encara confusa. "O que é um Aracnídeo?" a filhote se perguntou. Para a sorte da pequena, sua pergunta foi respondida quando sentiu algo cair e começar a caminhar lentamente em suas costas. Olhando por cima do ombro, Kisai se depara com um par de pequenas garras afiadas e três pares de olhos. A filhote engole em seco e a aranha move uma das patas lentamente, fazendo a filhote gritar e sair de seu esconderijo, correndo na direção de Endra.

— Tira isso de mim, tira isso de mim! — Exclamou, correndo em círculos em volta da mais velha, que encarou a filhote com uma expressão de pura confusão e choque, até que viu o motivo do desespero da pequena. 

— Ei, ei, calma! Ele não vai te machucar. — Endra puxa Kisai para perto de si, praticamente abraçando a filhote com uma pata. Com a pata livre, a leoa faz um caminho para a aranha, que calmamente sai do pelo da filhote. — Acredite, ele tem muito mais medo de você do que você dele. Além disso, ele só estava dizendo "olá".

— "Olá"?! Essa coisa quase me matou de susto! — Kisai praticamente grita, se afastando de Endra e recuando. Endra solta uma risadinha.

— Peço desculpas em nome dele. — Comenta, sorrindo apologética para a filhote. — Aracnídeo não costuma assustar os outros de propósito. 

— Então isso é um "Aracnídeo"? Achei que fosse, eu não sei, uma formiga ou algo do tipo. — A filhote resmunga, se acalmando. — Não imaginei que fosse um...o que é isso mesmo?

Endra a encara confusa. — Você...está brincando, não é? — A pergunta foi retórica. Endra podia ver pela expressão da filhote que não era brincadeira. — Nunca viu uma aranha na sua vida?

— Desculpe, mas não. — Kisai responde, inclinando a cabeça. — Fui criada em cativeiro. Ainda estou me adaptando à essa nova... realidade.

— B-bem... Aracnídeo é o nome que se dá à classe de animais invertebrados que normalmente tem oito patas, como escorpiões, carrapatos e, claro, aranhas. — Endra começa. — O nome que eu dei pra minha aranha foi Aracnídeo e, apesar de parecer ameaçador e cruel, ele é um docinho. — A leoa de pelo marrom sorri e acaricia gentilmente o abdome da aranha. — Ele está comigo desde que eu era filhote, dei um filhote de rato pra ele e ele tem me seguido onde quer que eu vá. Nunca consigo ficar distante dele por muito tempo, ele sempre me encontra. — Endra coloca Aracnídeo no chão e observa a aranha se esconder debaixo de algumas folhas, provavelmente cavando uma toca temporária.

As duas leoas ficam em um silêncio confortável e, antes que qualquer uma das duas pudesse se pronunciar, ouvem um rugido e logo Thadi acaba saindo de alguns arbustos e rendendo Endra, que rosna brevemente.


— Finalmente te encontrei, forasteiro! — Exclama o leão dourado, enquanto rosna. — Quem é você e o que faz aqui?!


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OLÁ TERRÁQUEOS, SAUDAÇÕES )0)

Sua alienígena favorita está de volta. Turu bom com vocês? Espero que sim -w-

Woo, terminei essa bagaça )0)

Gostaram da breve introdução das Divindades? E da introdução da Endra, hein? Espero que tenham gostado, afinal, vocês vão ficar com isso por um tempo e.e'

Ainda estou planejando e programando a postagem que vai falar somente das Divindades e pode demorar um bocado e.e'

Bem, como vocês notaram, o quarto capítulo e uma parte do terceiro foram focados na Kisai. O motivo é bem simples, na verdade. Kisai nunca foi muito explorada na versão antiga da história. Nem a Kisai, nem as outras personagens, só a Akili mesmo. Vou fazer o meu melhor pra incluir mais cenas dela e das outras personagens, então peço paciência ;u;

O próximo capítulo provavelmente vai focar na Endra, mas não é certeza.

Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-