Após a apresentação tensa, Euclásio, Kinga e as guepardos voltaram para o reino. Os filhotes se uniram em círculo.
— Do que brincaremos? — Indaga Tama. — Alguém tem alguma sugestão?
— Podemos brincar de pique-alto — responde Elimu, cobrindo a boca com a pata e tossindo.
— Como se brinca disso? — Pergunta Akili, inclinando a cabeça.
— Um filhote conta até dez — começa Elimu —, e os outros tem que correr e subir em um lugar alto, uma rocha, um tronco caído, tanto faz. Não pode guardar caixão, é a única regra. — Fez uma pausa e tossiu novamente, virando o rosto dessa vez. — E quando o pegador encostar em você, você ajuda ele a perseguir os outros. Se você não for o pegador, vai ter que ir trocando de lugar. O último a ser pego ganha.
— Mas você não pode correr, Elimu — diz Kumi. — Não vai ter muita graça sem você na brincadeira.
— Ora, não se preocupe, Kumi — diz o filhote acinzentado, abrindo um leve sorriso. — Vocês podem brincar sem mim, eu fico apenas observando. Posso avisar a hora de trocar de lugar ou se alguém cometer uma falta.
— Então, está decidido — diz Asante, passando o braço em volta dos ombros de Elimu. — Elimu será nosso juíz e vai decidir quem será o pegador.
Os filhotes se sentaram na frente de Elimu e esperaram o veredito. O filhote frágil pensou por alguns segundos e ergueu uma das patas, apontando para os outros.
— Uni, duni, tê — Kumi, Asante e Kisai foram os primeiros a se safar —, sa, la, me, min, guê. — Adanna, Jioni, Mwezi, Safi e Sutay foram os próximos. — A gazela colorê — seguidos por Akili e Usawa —, minha mãe mandou — Utulivu e Wazi soltam suspiros aliviados —, eu escolher — Wami foi a última, a filhote solta um suspiro ligeiramente desapontado — você. Está com o Hakuwa.
Hakuwa deu uma leve risada e virou de costas para o grupo.
— Está bem, todo mundo. É melhor começarem a correr — diz o príncipe. — Um, dois, três — Hakuwa começa a contagem e Kisai e Akili sobem em uma rocha —, quatro, cinco, seis — Tama e Asante sobem em um tronco caído—, sete, oito —, Kumi, Mwezi, Wami e Jioni escalam uma pequena árvore, Sutay e Usawa pulam em alguns galhos e Utulivu e Wazi usam trepadeiras para subir em uma árvore. —, nove, dez! — Hakuwa se vira, não esperando encontrar Safi ainda no chão. — S-Safi... Você não vai subir em algum lugar?
A filhote nega com a cabeça e se senta ao lado de Elimu. — Safi vai fazer companhia ao Elimu — diz simplesmente.
— Você está bem com isso, Elimu? — Pergunta Hakuwa. Elimu solta uma leve tosse, mas confirma com a cabeça. — Okay, então.
— É melhor se apressar, Hakuwa — diz Elimu, dando uma breve risada. — Akili desceu da pedra.
— Mas, hein? — Hakuwa se vira rapidamente, vendo a filhote de pelos negros correr em direção a outra rocha. Ele logo corre atrás dela, mas não a alcança.
Akili da risada. — Essa foi quase, majestade — diz ela, debochada. — Quem sabe na próxima?
Hakuwa ri levemente e se afasta da pedra. Ele avista Jioni tentando correr para um tronco caído e corre na direção dela, tocando seu ombro.
— Peguei — diz ele, estufando o peito.
Jioni fez beicinho, mas deu risada logo em seguida. Os dois tentavam pegar os outros filhotes, conseguindo algumas vezes e falhando outras. Quando deram conta, Akili e Kisai eram as últimas que tinham que ser pegas. Kisai estava sobre um tronco caído e Akili estava sobre uma rocha.
— Vocês tem dez segundos pra trocarem de lugar — diz Elimu. — Ou então, os pegadores vencem.
Akili e Kisai trocam olhares e abrem sorrisinhos discretos.
— Dez, nove — começa Elimu. Os pegadores estavam espalhados pelo local e as gêmeas entram em posição de corrida —, oito, sete, — elas movem os ombros e soltam breves rosnados —, seis, cinco — Kisai é a primeira a sair correndo, desviando de Tama e Jioni e subindo em uma árvore. Os olhos dos outros filhotes se viram para Akili —, quatro, três... — A filhote solta uma risadinha e desce calmamente da rocha que estava, começando a correr logo em seguida. Kumi é o primeiro a tentar pegá-la, mas ela desvia. Os próximos são Sutay, Usawa e Utulivu, que também são ludibriados pela pequena.
— Danna, ela é sua! — Exclama Utulivu.
Adanna se posiciona na frente de Akili, pronta para pegar a filhote, mas Akili também desvia dela.
— Hakuwa! — Exclama a princesa, após cair no chão e rolar um pouco.
Hakuwa corre na direção de Akili, só para ser empurrado para o lado por Kisai, que estava pacientemente esperando o momento certo para se entregar.
— Manda ver, mana! — Exclama ela, ajudando Hakuwa a se levantar e observando Akili subir em um tronco.
— E Akili vence! — Elimu comemora, cobrindo a boca com a pata para tossir e soltando risadinhas baixas depois.
— Espera, isso não é justo — protesta Utulivu. — Kisai empurrou o Hakuwa, isso não é contra as regras?
— A principal era "não guardar caixão". — Safi se aproxima do resto do grupo. — Sacrifício raramente pode ser visto como quebrar uma regra.
— Ela está certa, Utulivu — complementa Hakuwa, abrindo um sorriso derrotado. — Além disso, foi uma boa estratégia, Kisai. Muito bem pensado. — Kisai dá de ombros e se aproxima de Akili. Hakuwa abaixa levemente as orelhas com o comportamento da filhote. — Foi alguma coisa que eu disse? — Murmura ele, virando de costas para as irmãs que conversavam e riam.
— Não se preocupe, Hakuwa — comenta Mwezi, colocando a pata no ombro do filhote cabisbaixo. — Ela ainda está desconfiada por termos sido aceitas no reino da noite pro dia, ela não faz isso por maldade. Peço desculpas no nome dela.
— Ela vai se abrir eventualmente — completa Wazi, passando pelos dois. — Espere alguns dias e verá.
— Está tudo bem, Mwezi — o príncipe suspira derrotado.
— Bem, do que brincaremos agora? — Indaga Kisai, se aproximando dos outros, seguida por Akili.
— Podemos brincar de... — Elimu é interrompido por uma voz feminina.
— Ora, ora, se não são as aberrações do reino — uma filhote de pelo marrom avermelhado se aproxima. Estava sendo seguida por mais dois filhotes. — Finalmente acordaram, hein? Espero que sejam úteis quando crescerem, não precisamos de mais bocas para alimentar.
— Não devia falar assim, Amadi — Hakuwa se põe na frente dos outros.
— Eu falo do jeito que quiser, engomadinho — a filhote retruca, rodeando os outros, um olhar de desdém nos olhos dela. — E você não pode fazer nada para impedir.
Hakuwa solta um leve rosnado.
— Dobre sua língua — Mwezi se pronuncia. — Sabe que está falando com um príncipe, deveria ter mais respeito.
Um dos filhotes que seguia Amadi, o maior e mais robusto, rosna e avança, pulando em cima de Mwezi e a prendendo no chão.
— Veja lá como fala, moleca — ele rosna mais alto e expõe as garras, as pressionando contra o rosto da menor. — Seria uma pena ter que desfigurar seu rostinho.
Mwezi solta um rosnado baixo de dor.
— Já chega, Udadisi — Amadi suspira entediada. — Solte-a.
Udadisi encara a filhote avermelhada por alguns segundos e hesita, dando brecha o bastante para Mwezi empurrá-lo com as patas traseiras e fazê-lo rolar por alguns segundos. Amadi arregala levemente os olhos e Udadisi se levanta, colocando as garras para fora novamente.
— Ora, sua... — Ele é derrubado por Akili antes que possa avançar pra cima de Mwezi uma segunda vez. Akili o prende no chão e pisa em sua cabeça com a pata dianteira, mostrando as garras e rosnando.
— Termine a frase, te desafio! — Diz ela, apertando a cabeça do filhote contra chão. — Vamos, termine!
Udadisi rosna e tenta se levantar, mas acaba cedendo com o peso da filhote em cima de si.
— S-solta ele! — Amadi exclama dando alguns passos para frente. — Solta ele, ou eu vou...
— Você vai o que? — Indaga Kisai, se aproximando de Amadi e arqueando a sobrancelha. — Estávamos brincado pacificamente aqui até você e seu cão de guarda chegarem e estragarem nossa diversão — a filhote de pelo preto parou na frente da outra, seu semblante era calmo, apesar de estar com raiva e suas garras estavam a mostra, um sinal de alerta. — Ele atacou nossa amiga e atacaria de novo se Akili não o imobilizasse — Kisai ergue a pata na frente do rosto e olha para as garras. — Você não tem muitas opções agora, visto que o cão de guarda foi imobilizado e o gato assutado está tremendo atrás de você — ela gesticula para o filhote menor atrás de Amadi e abaixa a pata novamente, guardando as garras. — Além disso, estamos em maior número e você está hesitante, se quisesse machucar alguém aqui, já o teria feito.
— A-Amadi... — Resmunga Udadisi sob o peso de Akili, ganhando a atenção da irmã. — V-vamos embora... Por favor...
— Por que não segue o conselho do cão de guarda e se retiram? — Sugere Kisai, se afastando de Amadi e fazendo um gesto com a cabeça para Akili, que sai de cima de Udadisi. — Vai ser a coisa mais útil que vocês podem fazer. Nos deixem em paz.
— V-Vamos, Amadi. Não precisamos brincar com eles — o filhote que se escondia atrás da amarronzada murmura. — Podemos brincar na caverna até o almoço.
Amadi bufa, se sentindo derrotada. — Está bem! — Exclama ela, revirando os olhos e dando as costas para os outros filhotes. — Não precisamos nos misturar com essa gentalha.
Amadi se afasta, sendo seguida pelos irmãos. Hakuwa e Adanna franzem a testa ligeiramente. Não sabiam por que Amadi agia assim com eles afinal, eles tentaram incluí-la em brincadeiras no passado, mas todas as tentativas se mostraram inúteis.
— Não liguem pra eles, não vão nos incomodar tão cedo — Mwezi anuncia, se aproximando do grupo novamente. A filhote, apesar de abalada, estava sorrindo descontraidamente.
[...]
Os filhotes passaram a manhã brincando e se divertindo. Logo Nyusi, o pardal mordomo, veio buscá-los para que pudessem almoçar.
Eles conversavam enquanto seguiam a ave, que os observava de cima.
— Foi... Foi muito legal o jeito que você imobilizou o Udadisi, Akili — Hakuwa comenta, se aproximando da filhote que estava a sua direita. Akili soltou uma risadinha. — Onde aprendeu a fazer aquilo?
— Agradeço o elogio, majestade — respondeu ela, mantendo um leve sorriso —, mas eu só fiz o que achei certo, deixei meu instinto me guiar. Além disso, não mereço todo o crédito. — Virou a cabeça na direção de Kisai, que estava mais atrás do grupo. — Se Kisai não tivesse falado com Amadi daquele jeito, ela não nos deixaria em paz.
Ao ouvir seu nome, Kisai ergue as orelhas e se aproxima, ficando do lado esquerdo do príncipe.
— Palavras são meu forte, apesar de eu não usá-las como frequência — murmurou Kisai, surpreendendo Hakuwa. — Principalmente se estou com raiva. Além disso, duvido que seja a última vez que Amadi tente nos intimidar. Ela é uma valentona.
— Existe algum motivo específico que deixou você com raiva? — Indaga Hakuwa, inclinando a cabeça. Kisai para de andar e o príncipe a encara preocupado. — K-Kisai?
A filhote respira fundo. (deem play no vídeo, se der algum problema na reprodução, me informem por favor)
— Este impulso inconveniente — começa ela, olhando para as patas —, tem raízes, se grudou a mim.
Ela ergue a cabeça e se move na direção de uma formação de rochedos, a escalando em seguida. — E tudo isso é tão diferente — ela olha em volta e seu olhar pousa nos outros filhotes, que pararam de andar para ouvi-la —, não sei se devia ser assim. — Bateu a pata direita na formação de rochedos e mostrou as garras. — Eu não pedi pra ser algo diferente — dessa vez, bateu a pata esquerda —, eu não pedi pra ser criada assim.
— Essa vai ser boa... — Murmura Akili, se sentando e sorrindo levemente. — Apenas escutem.
— E não pedi pra ser tão indiferente, não sei o que sentir... — Continuou Kisai, descendo do rochedo e passando pelos filhotes, que se separaram para dar passagem a ela. — Por que um leão e outro sempre entram numa luta? Eu me afogo num oceano com animais em disputa. — Os filhotes escutam atenciosos. — Fui forçada sempre a respeitar, nunca vieram me perguntar — rosnou levemente —, se um leão e outro se perguntam...
Ela sobe em um tronco caído e faz uma pausa.
— Faz seu sangue ferver — deu um passo a frente —, vermelho te faz ver? — Ergueu a pata e acertou um galho do tronco, que se quebrou. — Quer destruir algo só pra poder se entreter? — Ela deu mais alguns passos a frente e cravou suas garras no tronco. — Porque o meu sangue ferve, e não era assim — puxou as garras, arranhando o tronco e logo guardando as garras. — Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva sim.
Desceu do tronco e escalou uma árvore, deitando-se em um dos galhos. Os filhotes a seguiram e sentaram ao pé da árvore.
— Já vi tudo de camarote — diz ela, se espreguiçando e levantando. — De um até cem contei sim. Sempre achei fugir impossível, só esperava pelo meu fim. — Ergueu a pata e admirou as garras por alguns segundos. — Nunca quis ingerir nada que me deram — Kisai move a cabeça, gesticulando para a franja com a cabeça —, nunca quis ser controlada assim. Se você fosse eu, contava o tempo, enlouquecendo.
Ela pulou do galho e aterrissou no chão.
— Por que um leão e outro sempre entram numa luta? — Andou até parar na frente de Utay, que ficou rígido, mas Kisai logo se afastou. — Eu me afogo num oceano com animais em disputa — em seguida, parou na frente de Akili, sem encará-la e prosseguiu. — Fui forçada sempre a respeitar, nunca vieram me perguntar se um leão e outro se perguntam...
Ela passa por todos novamente.
— Faz seu sangue ferver — indagou, caminhando lentamente até uma pilha de pedras —, vermelho te faz ver? — Botou as garras para fora novamente. — Quer destruir algo só pra... — Parou em frente a pilha de pedras e a acertou com a pata, abrindo um sorriso de escárnio —, poder se entreter? Porque o meu sangue ferve — diz ela, observando a bagunça que fez e se afastando. —, e não era assim. Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva...
Hakuwa se intromete, colocando a pata em seu ombro. — Calma, por que está assim?
— Coração tão nobre... — Falou Wazi, se aproximando também, esfregando o rosto no de Kisai.
— Leoa boa — Safi murmura, parando na frente da amiga. — É triste, sim.
— Vão pagar — murmura Kisai, se afastando dos três —, o dano feito a mim!
Kisai avista um camundongo a distância e se põe em posição de ataque.
— Faz seu sangue ferver — deu o primeiro passo. —, vermelho te faz ver? — Mais dois. — Quer destruir algo só pra — omeçou a caminhar na direção do roedor. — poder se entreter? Por que o meu sangue ferve e não era assim. — Seus passos ficaram mais rápidos — Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva — começou a correr —, teria raiva — camundongo, ouvindo os passos de Kisai, ergueu as orelhas e logo começou a correr ao vê-la. —, teria raiva... — o roedor acabou ficando encurralado entre a filhote e uma pedra. Kisai ergueu a pata —, teria raiva sim! — e deu o golpe final.
— Kisai... — Começa Adanna, se aproximando. — V-você... Sua voz...
— Não é lá essas coisas — completa a filhote, pegando o camundongo pela cauda e dando de ombros. — Alguém quer um lanche?
Kumi ergue a pata e Kisai lhe entrega o camundongo.
— Vamos voltar para o reino antes que seu mordomo tenha um piripaque Paramos de seguir ele — Kisai começa a se afastar dos filhotes e segue na direção do reino.
— Ela é sempre assim? — Pergunta Adanna.
— Desconfiada? — Akili perguntou retoricamente. — É, é sim, alteza. Ela vai se soltar em alguns dias, não se preocupe — passou a pata no ombro de Adanna, reconfortando-a. — Mas ela está certa, melhor corrermos para alcançar Nyusi — Akili corre atrás da irmã e os outros a seguem em seguida.
[...]
Faziam cerca de três semanas desde que as sete filhotes acordaram. Elas passavam seus dias brincando com os príncipes e com os outros filhotes na parte da amnhã mas acabavam ficando sozinhas pelo resto do dia. Depois do almoço, Hakuwa e Adanna iam treinar com os pais, Amadi e seus irmãos ficavam com a mãe, nunca realmente parando de provocar os outros, Usawa e Utay brincavam com os irmãos de Usawa, Elimu fazia seu tratamento com Kinga e Utulivu, Asante e Kumi treinavam sua caça, deixando Akili e suas amigas sozinhas.
— Bem, o que faremos agora? — Indaga Wami, lambendo a pata e a colocando no chão em seguida.
— Safi quer explorar mais — resmunga Safi.
— Não seria má ideia — conclui Wazi. — Além disso, a rainha não disse que era proíbido explorar e, bem, ainda não fizemos isso...
— Então, vamos — diz Akili, se levantando do chão e se espreguiçando. — Com sorte, encontraremos um lugar pra brincar ou nos esconder a noite.
As filhotes começaram a se mover. Passaram por várias leoas, algumas estavam juntas de seus parceiros, outras de seus filhotes, mas pareciam felizes. As pequenas se sentiam deslocadas. Não tinham pais ou responsável, ficariam a própria sorte a menos que Habi colocasse alguma leoa para cuidar delas. Elas duvidavam que uma leoa quisesse a responsabilidade de sete filhotes.
— Vocês aí! — Exclamou uma voz, fazendo com que elas parassem e olhassem em volta confusas. — De onde são?
— Mostre-se primeiro — responde Akili, ficando a frente das amigas em posição defensiva. — É justo que saibamos com quem ou o quê estamos lidando.
Um filhote sai de um arbusto. Tinha pelo marrom e um comecinho de juba na cor preta. Seus olhos eram um tom de verde folha.
— Desculpem — diz ele, abrindo um sorriso nervoso e tropeçando levemente. — Meu nome é Walimu.
Akili arqueia a sobrancelha e ergue as orelhas, olhando em volta atenta, afinal um filhote não andaria por terras que não conhece sem os pais.
— Não está sozinho, está? — Pergunta ela. — Seus pais devem estar por perto.
— Por enquanto, sou só eu — Walimu respondeu, abaixando a cabeça. — Meu pai e meus tios foram caçar e meus irmãos estão...em algum lugar por aqui.
Akili ouve um galho se quebrar e Kisai fareja o ar, soltando um rosnado baixo e se afastando do grupo sem ser percebida por Walimu. Wami e Wazi olham em volta, tentando ver através dos arbustos sem sucesso e Safi, Jioni e Mwezi entram em posição defensiva.
— Achei mais um! — Exclamou Kisai, empurrando outro filhote para fora dos arbustos e o prendendo com seu peso, rosnando e pondo suas garras para fora. — Ouvir conversas não é adequado, principalmente quando sua presença é notada.
— Sai de cima de mim, psicopata! — Gritou o filhote se debatendo, parando após ver quem o prendia. — Na verdade, pode ficar aí. Não me incomodo de olhar pra sua beleza.
Kisai rosna e pressiona as garras contra a garganta do filhote.
— Pelos reis, nem rendido você deixa de paquerar alguém — diz outra filhote, saindo dos arbustos. Ela tinha pelo marrom claro, similar ao de Walimu, porém mais alaranjado e seus olhos eram um de cada cor. — É nojento o fato de sermos relacionados.
— Esses são os irmãos de quem você falou? — Pergunta Akili, encarando Walimu. — Achei que tinha dito que estavam "por aí". Não esperava que estivessem tão perto de nós.
— Peço desculpas pelo meu irmão — murmura Walimu, sorrindo apologético. — Ele não pensa no que fala. E eu não sabia o quão perto estavam, desculpem.
— Por falar nisso, pode soltá-lo? — Questiona a outra filhote. — Sou eu que vou ter que escutar as queixas de "como um anjo o rendeu".
Kisai sai de cima do filhote e lhe dá uma patada na cabeça. — Tente me paquerar outra vez — começa, se afastando do filhote —, e eu arrancarei sua língua com minhas próprias garras.
O filhote engole em seco.
— B-bem... Já me conhecem, agora permitam que eu apresente meus irmãos — diz Walimu, abrindo um sorriso nervoso e se afastando de Akili. — Essa é Kami — gesticulou para a filhote, que sorriu e acenou com a pata. —, e esse é...
— Hasa, ao seu dispor — completou o outro, sorrindo e curvando-se na frente das filhotes, que reviraram os olhos e fizeram caretas de nojo.
— Prazer conhecer vocês dois — Wami fala. — Queria poder dizer três, mas estaria mentindo.
— Você tinha perguntado de onde somos, não tinha, Walimu? — Indaga Wazi, se aproximando. O filhote confirma com a cabeça.
— Tecnicamente, somos daqui — completa Wami, sentando-se ao lado da irmã. — Mas ao mesmo tempo, não somos. Chegamos faz algumas semanas.
— Desculpe, mas — Kami começa, olhando em volta —, onde exatamente é aqui?
As sete filhotes se encaram.
— Reino de Anida — dizem em conjunto.
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Edit [12/2022]: Como eu disse no capítulo 2, queria que fizesse algumas semanas desde a chegada da Akili e cia. Como eu fiz isso? Mudando o último parágrafo, of course. Kisai ainda está hesitante por estar no reino e desconfia de tudo e todos mas, eventualmente ela se abre.
Edit [03/2024]: Eu consegui. Eu mudei o nome da Wama e do Sawa )0)
Agora, Wama se chama Amadi e Sawa se chama Utay. Fiquem espertos porque eu também quero mudar o nome da Tama, afinal, estou tendo umas ideias cabulosas pras histórias, assim como a mudança do título da historia. Fiquem com a reescrita de nomes e atualizações de capítulos por enquanto u-u
Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-