segunda-feira, 30 de março de 2020

Anida [Cap. 3 - Valentões]

Após a apresentação tensa, Euclásio, Kinga e as guepardos voltaram para o reino. Os filhotes se uniram em círculo.

— Do que brincaremos? — Indaga Tama. — Alguém tem alguma sugestão?

— Podemos brincar de pique-alto — responde Elimu, cobrindo a boca com a pata e tossindo. 

— Como se brinca disso? — Pergunta Akili, inclinando a cabeça. 

— Um filhote conta até dez — começa Elimu —, e os outros tem que correr e subir em um lugar alto, uma rocha, um tronco caído, tanto faz. Não pode guardar caixão, é a única regra. — Fez uma pausa e tossiu novamente, virando o rosto dessa vez. — E quando o pegador encostar em você, você ajuda ele a perseguir os outros. Se você não for o pegador, vai ter que ir trocando de lugar. O último a ser pego ganha. 

— Mas você não pode correr, Elimu — diz Kumi. — Não vai ter muita graça sem você na brincadeira.

— Ora, não se preocupe, Kumi — diz o filhote acinzentado, abrindo um leve sorriso. — Vocês podem brincar sem mim, eu fico apenas observando. Posso avisar a hora de trocar de lugar ou se alguém cometer uma falta.

— Então, está decidido — diz Asante, passando o braço em volta dos ombros de Elimu. — Elimu será nosso juíz e vai decidir quem será o pegador.

Os filhotes se sentaram na frente de Elimu e esperaram o veredito. O filhote frágil pensou por alguns segundos e ergueu uma das patas, apontando para os outros. 

— Uni, duni, tê — Kumi, Asante e Kisai foram os primeiros a se safar —, sa, la, me, min, guê. — Adanna, Jioni, Mwezi, Safi e Sutay foram os próximos. — A gazela colorê — seguidos por Akili e Usawa —, minha mãe mandou — Utulivu e Wazi soltam suspiros aliviados —, eu escolher — Wami foi a última, a filhote solta um suspiro ligeiramente desapontado — você. Está com o Hakuwa.

Hakuwa deu uma leve risada e virou de costas para o grupo. 

— Está bem, todo mundo. É melhor começarem a correr — diz o príncipe. — Um, dois, três — Hakuwa começa a contagem e Kisai e Akili sobem em uma rocha —, quatro, cinco, seis — Tama e Asante sobem em um tronco caído—, sete, oito —, Kumi, Mwezi, Wami e Jioni escalam uma pequena árvore, Sutay e Usawa pulam em alguns galhos e Utulivu e Wazi usam trepadeiras para subir em uma árvore. —, nove, dez! — Hakuwa se vira, não esperando encontrar Safi ainda no chão. — S-Safi... Você não vai subir em algum lugar?

A filhote nega com a cabeça e se senta ao lado de Elimu. — Safi vai fazer companhia ao Elimu — diz simplesmente. 

— Você está bem com isso, Elimu? — Pergunta Hakuwa. Elimu solta uma leve tosse, mas confirma com a cabeça. — Okay, então. 

— É melhor se apressar, Hakuwa — diz Elimu, dando uma breve risada. — Akili desceu da pedra.

— Mas, hein? — Hakuwa se vira rapidamente, vendo a filhote de pelos negros correr em direção a outra rocha. Ele logo corre atrás dela, mas não a alcança. 

Akili da risada. — Essa foi quase, majestade — diz ela, debochada. — Quem sabe na próxima? 

Hakuwa ri levemente e se afasta da pedra. Ele avista Jioni tentando correr para um tronco caído e corre na direção dela, tocando seu ombro. 

— Peguei — diz ele, estufando o peito. 

Jioni fez beicinho, mas deu risada logo em seguida. Os dois tentavam pegar os outros filhotes, conseguindo algumas vezes e falhando outras. Quando deram conta, Akili e Kisai eram as últimas que tinham que ser pegas. Kisai estava sobre um tronco caído e Akili estava sobre uma rocha.

— Vocês tem dez segundos pra trocarem de lugar — diz Elimu. — Ou então, os pegadores vencem.

Akili e Kisai trocam olhares e abrem sorrisinhos discretos. 

— Dez, nove — começa Elimu. Os pegadores estavam espalhados pelo local e as gêmeas entram em posição de corrida —, oito, sete, — elas movem os ombros e soltam breves rosnados —, seis, cinco — Kisai é a primeira a sair correndo, desviando de Tama e Jioni e subindo em uma árvore. Os olhos dos outros filhotes se viram para Akili —, quatro, três... — A filhote solta uma risadinha e desce calmamente da rocha que estava, começando a correr logo em seguida. Kumi é o primeiro a tentar pegá-la, mas ela desvia. Os próximos são Sutay, Usawa e Utulivu, que também são ludibriados pela pequena.

— Danna, ela é sua! — Exclama Utulivu.

Adanna se posiciona na frente de Akili, pronta para pegar a filhote, mas Akili também desvia dela.

— Hakuwa! — Exclama a princesa, após cair no chão e rolar um pouco. 

Hakuwa corre na direção de Akili, só para ser empurrado para o lado por Kisai, que estava pacientemente esperando o momento certo para se entregar.

— Manda ver, mana! — Exclama ela, ajudando Hakuwa a se levantar e observando Akili subir em um tronco.

— E Akili vence! — Elimu comemora, cobrindo a boca com a pata para tossir e soltando risadinhas baixas depois. 

— Espera, isso não é justo — protesta Utulivu. — Kisai empurrou o Hakuwa, isso não é contra as regras?

— A principal era "não guardar caixão". — Safi se aproxima do resto do grupo. — Sacrifício raramente pode ser visto como quebrar uma regra.

— Ela está certa, Utulivu — complementa Hakuwa, abrindo um sorriso derrotado. — Além disso, foi uma boa estratégia, Kisai. Muito bem pensado. — Kisai dá de ombros e se aproxima de Akili. Hakuwa abaixa levemente as orelhas com o comportamento da filhote. — Foi alguma coisa que eu disse? — Murmura ele, virando de costas para as irmãs que conversavam e riam. 


— Não se preocupe, Hakuwa — comenta Mwezi, colocando a pata no ombro do filhote cabisbaixo. — Ela ainda está desconfiada por termos sido aceitas no reino da noite pro dia, ela não faz isso por maldade. Peço desculpas no nome dela.

— Ela vai se abrir eventualmente — completa Wazi, passando pelos dois. — Espere alguns dias e verá. 

— Está tudo bem, Mwezi — o príncipe suspira derrotado. 

— Bem, do que brincaremos agora? — Indaga Kisai, se aproximando dos outros, seguida por Akili.

— Podemos brincar de... — Elimu é interrompido por uma voz feminina.

— Ora, ora, se não são as aberrações do reino — uma filhote de pelo marrom avermelhado se aproxima. Estava sendo seguida por mais dois filhotes. — Finalmente acordaram, hein? Espero que sejam úteis quando crescerem, não precisamos de mais bocas para alimentar.

— Não devia falar assim, Amadi — Hakuwa se põe na frente dos outros.

— Eu falo do jeito que quiser, engomadinho — a filhote retruca, rodeando os outros, um olhar de desdém nos olhos dela. — E você não pode fazer nada para impedir.

Hakuwa solta um leve rosnado.

— Dobre sua língua — Mwezi se pronuncia. — Sabe que está falando com um príncipe, deveria ter mais respeito.

Um dos filhotes que seguia Amadi, o maior e mais robusto, rosna e avança, pulando em cima de Mwezi e a prendendo no chão.

— Veja lá como fala, moleca — ele rosna mais alto e expõe as garras, as pressionando contra o rosto da menor. — Seria uma pena ter que desfigurar seu rostinho.

Mwezi solta um rosnado baixo de dor.

— Já chega, Udadisi — Amadi suspira entediada. — Solte-a. 

Udadisi encara a filhote avermelhada por alguns segundos e hesita, dando brecha o bastante para Mwezi empurrá-lo com as patas traseiras e fazê-lo rolar por alguns segundos. Amadi arregala levemente os olhos e Udadisi se levanta, colocando as garras para fora novamente.

— Ora, sua... — Ele é derrubado por Akili antes que possa avançar pra cima de Mwezi uma segunda vez. Akili o prende no chão e pisa em sua cabeça com a pata dianteira, mostrando as garras e rosnando.

— Termine a frase, te desafio! — Diz ela, apertando a cabeça do filhote contra chão. — Vamos, termine!

Udadisi rosna e tenta se levantar, mas acaba cedendo com o peso da filhote em cima de si.

— S-solta ele! — Amadi exclama dando alguns passos para frente. — Solta ele, ou eu vou...

— Você vai o que? — Indaga Kisai, se aproximando de Amadi e arqueando a sobrancelha. — Estávamos brincado pacificamente aqui até você e seu cão de guarda chegarem e estragarem nossa diversão — a filhote de pelo preto parou na frente da outra, seu semblante era calmo, apesar de estar com raiva e suas garras estavam a mostra, um sinal de alerta. — Ele atacou nossa amiga e atacaria de novo se Akili não o imobilizasse — Kisai ergue a pata na frente do rosto e olha para as garras. — Você não tem muitas opções agora, visto que o cão de guarda foi imobilizado e o gato assutado está tremendo atrás de você — ela gesticula para o filhote menor atrás de Amadi e abaixa a pata novamente, guardando as garras. — Além disso, estamos em maior número e você está hesitante, se quisesse machucar alguém aqui, já o teria feito.

— A-Amadi... — Resmunga Udadisi sob o peso de Akili, ganhando a atenção da irmã. — V-vamos embora... Por favor...

— Por que não segue o conselho do cão de guarda e se retiram? — Sugere Kisai, se afastando de Amadi e fazendo um gesto com a cabeça para Akili, que sai de cima de Udadisi. —  Vai ser a coisa mais útil que vocês podem fazer. Nos deixem em paz.

— V-Vamos, Amadi. Não precisamos brincar com eles — o filhote que se escondia atrás da amarronzada murmura. — Podemos brincar na caverna até o almoço.

Amadi bufa, se sentindo derrotada. — Está bem! — Exclama ela, revirando os olhos e dando as costas para os outros filhotes. — Não precisamos nos misturar com essa gentalha.

Amadi se afasta, sendo seguida pelos irmãos. Hakuwa e Adanna franzem a testa ligeiramente. Não sabiam por que Amadi agia assim com eles afinal, eles tentaram incluí-la em brincadeiras no passado, mas todas as tentativas se mostraram inúteis.

— Não liguem pra eles, não vão nos incomodar tão cedo — Mwezi anuncia, se aproximando do grupo novamente. A filhote, apesar de abalada, estava sorrindo descontraidamente.


[...] 


Os filhotes passaram a manhã brincando e se divertindo. Logo Nyusi, o pardal mordomo, veio buscá-los para que pudessem almoçar.

Eles conversavam enquanto seguiam a ave, que os observava de cima. 

— Foi... Foi muito legal o jeito que você imobilizou o Udadisi, Akili — Hakuwa comenta, se aproximando da filhote que estava a sua direita. Akili soltou uma risadinha. — Onde aprendeu a fazer aquilo?

— Agradeço o elogio, majestade — respondeu ela, mantendo um leve sorriso —, mas eu só fiz o que achei certo, deixei meu instinto me guiar. Além disso, não mereço todo o crédito. — Virou a cabeça na direção de Kisai, que estava mais atrás do grupo. — Se Kisai não tivesse falado com Amadi daquele jeito, ela não nos deixaria em paz. 

Ao ouvir seu nome, Kisai ergue as orelhas e se aproxima, ficando do lado esquerdo do príncipe.

— Palavras são meu forte, apesar de eu não usá-las como frequência — murmurou Kisai, surpreendendo Hakuwa. — Principalmente se estou com raiva. Além disso, duvido que seja a última vez que Amadi tente nos intimidar. Ela é uma valentona.

— Existe algum motivo específico que deixou você com raiva? — Indaga Hakuwa, inclinando a cabeça. Kisai para de andar e o príncipe a encara preocupado. — K-Kisai?

A filhote respira fundo.  (deem play no vídeo, se der algum problema na reprodução, me informem por favor)

— Este impulso inconveniente — começa ela, olhando para as patas —,  tem raízes, se grudou a mim.
Ela ergue a cabeça e se move na direção de uma formação de rochedos, a escalando em seguida. — E tudo isso é tão diferente — ela olha em volta e seu olhar pousa nos outros filhotes, que pararam de andar para ouvi-la —, não sei se devia ser assim. — Bateu a pata direita na formação de rochedos e mostrou as garras. — Eu não pedi pra ser algo diferente — dessa vez, bateu a pata esquerda —, eu não pedi pra ser criada assim. 

— Essa vai ser boa... — Murmura Akili, se sentando e sorrindo levemente. — Apenas escutem.

— E não pedi pra ser tão indiferente, não sei o que sentir... — Continuou Kisai, descendo do rochedo e passando pelos filhotes, que se separaram para dar passagem a ela. — Por que um leão e outro sempre entram numa luta? Eu me afogo num oceano com animais em disputa. — Os filhotes escutam atenciosos. — Fui forçada sempre a respeitar, nunca vieram me perguntar — rosnou levemente —, se um leão e outro se perguntam...

Ela sobe em um tronco caído e faz uma pausa.

— Faz seu sangue ferver — deu um passo a frente —, vermelho te faz ver? — Ergueu a pata e acertou um galho do tronco, que se quebrou. — Quer destruir algo só pra poder se entreter? — Ela deu mais alguns passos a frente e cravou suas garras no tronco. — Porque o meu sangue ferve, e não era assim — puxou as garras, arranhando o tronco e logo guardando as garras. — Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva sim.

Desceu do tronco e escalou uma árvore, deitando-se em um dos galhos. Os filhotes a seguiram e sentaram ao pé da árvore.

— Já vi tudo de camarote — diz ela, se espreguiçando e levantando. — De um até cem contei sim. Sempre achei fugir impossível, só esperava pelo meu fim. — Ergueu a pata e admirou as garras por alguns segundos. — Nunca quis ingerir nada que me deram — Kisai move a cabeça, gesticulando para a franja com a cabeça —, nunca quis ser controlada assim. Se você fosse eu, contava o tempo, enlouquecendo.

Ela pulou do galho e aterrissou no chão.

— Por que um leão e outro sempre entram numa luta? — Andou até parar na frente de Utay, que ficou rígido, mas Kisai logo se afastou. — Eu me afogo num oceano com animais em disputa — em seguida, parou na frente de Akili, sem encará-la e prosseguiu. — Fui forçada sempre a respeitar, nunca vieram me perguntar se um leão e outro se perguntam...

Ela passa por todos novamente.

— Faz seu sangue ferver — indagou, caminhando lentamente até uma pilha de pedras —, vermelho te faz ver? — Botou as garras para fora novamente. — Quer destruir algo só pra... — Parou em frente a pilha de pedras e a acertou com a pata, abrindo um sorriso de escárnio —, poder se entreter? Porque o meu sangue ferve — diz ela, observando a bagunça que fez e se afastando. —, e não era assim. Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva...

Hakuwa se intromete, colocando a pata em seu ombro. — Calma, por que está assim? 

— Coração tão nobre... — Falou Wazi, se aproximando também, esfregando o rosto no de Kisai.

— Leoa boa — Safi murmura, parando na frente da amiga. — É triste, sim.

— Vão pagar — murmura Kisai, se afastando dos três —, o dano feito a mim! 

Kisai avista um camundongo a distância e se põe em posição de ataque.

— Faz seu sangue ferver — deu o primeiro passo. —, vermelho te faz ver? — Mais dois. — Quer destruir algo só pra — omeçou a caminhar na direção do roedor. — poder se entreter? Por que o meu sangue ferve e não era assim. — Seus passos ficaram mais rápidos — Age igual veneno. Se visse o que eu vivi, teria raiva — começou a correr —, teria raiva —  camundongo, ouvindo os passos de Kisai, ergueu as orelhas e logo começou a correr ao vê-la. —, teria raiva... — o roedor acabou ficando encurralado entre a filhote e uma pedra. Kisai ergueu a pata —, teria raiva sim! — e deu o golpe final.

— Kisai... — Começa Adanna, se aproximando. — V-você... Sua voz...

— Não é lá essas coisas — completa a filhote, pegando o camundongo pela cauda e dando de ombros. — Alguém quer um lanche?

Kumi ergue a pata e Kisai lhe entrega o camundongo.

— Vamos voltar para o reino antes que seu mordomo tenha um piripaque Paramos de seguir ele — Kisai começa a se afastar dos filhotes e segue na direção do reino.

— Ela é sempre assim? — Pergunta Adanna.

— Desconfiada? — Akili perguntou retoricamente. — É, é sim, alteza. Ela vai se soltar em alguns dias, não se preocupe — passou a pata no ombro de Adanna, reconfortando-a. — Mas ela está certa, melhor corrermos para alcançar Nyusi — Akili corre atrás da irmã e os outros a seguem em seguida.


[...]


Faziam cerca de três semanas desde que as sete filhotes acordaram. Elas passavam seus dias brincando com os príncipes e com os outros filhotes na parte da amnhã mas acabavam ficando sozinhas pelo resto do dia. Depois do almoço, Hakuwa e Adanna iam treinar com os pais, Amadi e seus irmãos ficavam com a mãe, nunca realmente parando de provocar os outros, Usawa e Utay brincavam com os irmãos de Usawa, Elimu fazia seu tratamento com Kinga e Utulivu, Asante e Kumi treinavam sua caça, deixando Akili e suas amigas sozinhas. 

— Bem, o que faremos agora? — Indaga Wami, lambendo a pata e a colocando no chão em seguida.

— Safi quer explorar mais — resmunga Safi. 

— Não seria má ideia — conclui Wazi. — Além disso, a rainha não disse que era proíbido explorar e, bem, ainda não fizemos isso...

— Então, vamos — diz Akili, se levantando do chão e se espreguiçando. — Com sorte, encontraremos um lugar pra brincar ou nos esconder a noite.

As filhotes começaram a se mover. Passaram por várias leoas, algumas estavam juntas de seus parceiros, outras de seus filhotes, mas pareciam felizes. As pequenas se sentiam deslocadas. Não tinham pais ou responsável, ficariam a própria sorte a menos que Habi colocasse alguma leoa para cuidar delas. Elas duvidavam que uma leoa quisesse a responsabilidade de sete filhotes.

— Vocês aí! — Exclamou uma voz, fazendo com que elas parassem e olhassem em volta confusas. — De onde são?

— Mostre-se primeiro — responde Akili, ficando a frente das amigas em posição defensiva. — É justo que saibamos com quem ou o quê estamos lidando.

Um filhote sai de um arbusto. Tinha pelo marrom e um comecinho de juba na cor preta. Seus olhos eram um tom de verde folha.

— Desculpem — diz ele, abrindo um sorriso nervoso e tropeçando levemente. — Meu nome é Walimu.

Akili arqueia a sobrancelha e ergue as orelhas, olhando em volta atenta, afinal um filhote não andaria por terras que não conhece sem os pais.

— Não está sozinho, está? — Pergunta ela. — Seus pais devem estar por perto.

— Por enquanto, sou só eu — Walimu respondeu, abaixando a cabeça. — Meu pai e meus tios foram caçar e meus irmãos estão...em algum lugar por aqui.

Akili ouve um galho se quebrar e Kisai fareja o ar, soltando um rosnado baixo e se afastando do grupo sem ser percebida por Walimu. Wami e Wazi olham em volta, tentando ver através dos arbustos sem sucesso e Safi, Jioni e Mwezi entram em posição defensiva.



— Achei mais um! — Exclamou Kisai, empurrando outro filhote para fora dos arbustos e o prendendo com seu peso, rosnando e pondo suas garras para fora. — Ouvir conversas não é adequado, principalmente quando sua presença é notada. 

— Sai de cima de mim, psicopata! — Gritou o filhote se debatendo, parando após ver quem o prendia. — Na verdade, pode ficar aí. Não me incomodo de olhar pra sua beleza. 

Kisai rosna e pressiona as garras contra a garganta do filhote.

— Pelos reis, nem rendido você deixa de paquerar alguém — diz outra filhote, saindo dos arbustos. Ela tinha pelo marrom claro, similar ao de Walimu, porém mais alaranjado e seus olhos eram um de cada cor. — É nojento o fato de sermos relacionados.

— Esses são os irmãos de quem você falou? — Pergunta Akili, encarando Walimu. — Achei que tinha dito que estavam "por aí". Não esperava que estivessem tão perto de nós.

— Peço desculpas pelo meu irmão — murmura Walimu, sorrindo apologético. — Ele não pensa no que fala. E eu não sabia o quão perto estavam, desculpem.

— Por falar nisso, pode soltá-lo? — Questiona a outra filhote. — Sou eu que vou ter que escutar as queixas de "como um anjo o rendeu".

Kisai sai de cima do filhote e lhe dá uma patada na cabeça. — Tente me paquerar outra vez — começa, se afastando do filhote —, e eu arrancarei sua língua com minhas próprias garras.

O filhote engole em seco.

— B-bem... Já me conhecem, agora permitam que eu apresente meus irmãos — diz Walimu, abrindo um sorriso nervoso e se afastando de Akili. — Essa é Kami — gesticulou para a filhote, que sorriu e acenou com a pata. —, e esse é...

— Hasa, ao seu dispor — completou o outro, sorrindo e curvando-se na frente das filhotes, que reviraram os olhos e fizeram caretas de nojo.

— Prazer conhecer vocês dois — Wami fala. — Queria poder dizer três, mas estaria mentindo.

— Você tinha perguntado de onde somos, não tinha, Walimu? — Indaga Wazi, se aproximando. O filhote confirma com a cabeça. 

— Tecnicamente, somos daqui — completa Wami, sentando-se ao lado da irmã. — Mas ao mesmo tempo, não somos. Chegamos faz algumas semanas.

— Desculpe, mas — Kami começa, olhando em volta —, onde exatamente é aqui?

As sete filhotes se encaram.

— Reino de Anida — dizem em conjunto.

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Edit [12/2022]: Como eu disse no capítulo 2, queria que fizesse algumas semanas desde a chegada da Akili e cia. Como eu fiz isso? Mudando o último parágrafo, of course. Kisai ainda está hesitante por estar no reino e desconfia de tudo e todos mas, eventualmente ela se abre.


Edit [03/2024]: Eu consegui. Eu mudei o nome da Wama e do Sawa )0)

Agora, Wama se chama Amadi e Sawa se chama Utay. Fiquem espertos porque eu também quero mudar o nome da Tama, afinal, estou tendo umas ideias cabulosas pras histórias, assim como a mudança do título da historia. Fiquem com a reescrita de nomes e atualizações de capítulos por enquanto u-u

Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Um beijo da Nathy, fiquem com Kami e bye -3-

6 comentários:

  1. kisai dando um show, melhor parte!
    gostei bastante da atitude de kisai (acho que foi ela que sugeriu. se estiver errada, desculpe, ainda estou me acostumando com os nomes de todos) de chamar os leões briguentos para brincar, não é comum que isso aconteça, então achei um desfecho bem criativo!

    esperando o próximo capítulo! bxss

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    1. Kisai: Não foi lá essas coisas, mas obrigada

      Foi ela que sugeriu sim kkk
      Logo vou editar esse post pra colocar algumas imagens, fica esperta, hein >u>

      Obrigada por comentar, flor <3

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  2. É tão divertido ver filhotes brincando <3
    Eu voto #KisaiTheVoiceKids akska
    Também estou com dificuldade para me acostumar com os nomes, pelo menos não tenho duvidas de quem seja a Akili e a Kisai akskkaa
    Eu já falei que adoro as cores dos leões? É que gosto bastante mesmo kakkska <3

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    1. Kisai: U-U

      Vai ser difícil se acostumar com os novos nomes, eu sei, e peço desculpas e.e'

      Genteney, eles agradecem o carinho <3

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  3. A Kisai mó psicopatinha, amei owo! Adorei o jeito como ela consegue dar medo enquanto permanece tão calma
    Bully não merece brincar >:/
    Ow essa música é top, e mais top ficou a escrita e adaptação da letra! Deu pra acompanhar juntinho e imaginar toda a cena muito bem!!
    Tia, aceitas fanart? 🥺
    GRRR QUERO BOTAR A SAFI NUM POTINHO TBM
    Alah um leão gado kkkkkk
    Desculpa ter demorado tanto pra ler, já tô me atualizando 😔

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    1. -fun fact- o nome da Kisai nessa versão, "Kisaikolojia" significa psicopata pra manter a essência do nome original AHSUAHSUAHDUAH mas ela é um amorzinho, prometo ^^

      Hakuwa e Cia tentam fazer a Wama se sentir bem-vinda mesmo sendo uma mala sem alça nem rodinha, pobres crianças inocentes ._.

      TITI ACEITA QUANTAS FANARTS VC FIZER, AMORE )0)

      Safi é nossa protegida, fds 🤧

      Sempre tem um gado na família ksksksksksks

      Imagina, amore. Não tem que ter pressa não ;3

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